O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quarta-feira, 5, que a Europa precisa conter “a ameaça russa” sem depender dos Estados Unidos.
“Quero acreditar que os Estados Unidos continuarão ao nosso lado”, disse Macron. “Mas a Europa precisa se preparar, se isso não for mais verdade.”
O discurso ocorreu depois de um embate público na Casa Branca entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Trump suspendeu o auxílio militar a Kiev para pressionar um acordo com Moscou. A decisão levou França, Reino Unido e Alemanha a reforçar o rearmamento e a buscar a segurança — independentemente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Macron anuncia
O presidente da França disse que elevará o orçamento militar para € 70 bilhões até 2030. Ele projetou que, até lá, a Rússia terá 1,5 milhão de soldados e milhares de tanques e caças. Atualmente, os principais países da União Europeia somam pouco mais de 1 milhão de soldados, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
“Os franceses estão preocupados, e com razão, sobre a guerra da Ucrânia e sobre os Estados Unidos, que criam dúvidas sobre o que virá a seguir”, disse Macron. “Nossa segurança se tornou mais incerta.”
Ele defendeu o apoio militar à Ucrânia e as sanções contra Moscou. “Não é apenas o povo ucraniano que luta por sua liberdade, mas também nossa segurança que está ameaçada.”
Macron acusou a Rússia de transformar o conflito em crise global, com assassinato de opositores e manipulação das eleições. “Ser mero espectador seria uma loucura”, observou. Ele anunciou uma reunião dos chefes das Forças Armadas da União Europeia, em Paris, para discutir a guerra.
O presidente francês ainda propôs debater a proteção de outros países europeus sob a dissuasão nuclear francesa, mas mantendo a decisão final sob controle exclusivo da França.
Paris, Londres e Moscou são as únicas potências nucleares da Europa, mas os EUA armazenam bombas atômicas em países como Itália, Alemanha e Turquia. A Rússia tem o maior número de ogivas nucleares declaradas no mundo.
Fonte: revistaoeste
