O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (28) o apoio do Brasil ao tratado que garante a neutralidade permanente e a operação do Canal do Panamá. A declaração ocorreu durante a visita oficial do presidente panamenho José Raúl Mulino ao Palácio do Planalto.
Em seu discurso, Lula criticou as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle da via interoceânica. O mandatário brasileiro afirmou que o canal é símbolo da soberania conquistada pelo Panamá e que sua neutralidade assegura o livre trânsito de embarcações de todas as nações.
“O Brasil apoia integralmente a soberania do Panamá sobre o Canal, conquistada após décadas de luta. Há mais de 25 anos, o país administra o corredor marítimo com eficiência e respeito à neutralidade”, declarou Lula.
Lula alertou ainda que tentativas de restaurar antigas hegemonias representam riscos à liberdade e à autodeterminação dos povos, comprometendo a integração e a autonomia da região. O tratado de neutralidade integra os acordos Torrijos-Carter, que transferiram oficialmente a administração do canal ao Panamá em 1999, reconhecidos pelo Brasil no âmbito da OEA.
A visita oficial também resultou em acordos bilaterais. O Ministério dos Portos e Aeroportos do Brasil assinou memorando de entendimento com a Autoridade do Canal do Panamá para modernizar portos brasileiros e ampliar as exportações. Outro memorando prevê cooperação em agricultura e pecuária, incluindo inovação e sustentabilidade. Além disso, a Embraer fechou a venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano ao país, e a Fiocruz apoiará a produção local de vacinas.
Meio ambiente
O presidente panamenho José Raúl Mulino confirmou presença na COP30, em Belém, e relatou os desafios ambientais enfrentados pelo país, como a devastação na floresta de Darién devido ao fluxo migratório e a escassez hídrica que afeta o Canal do Panamá. Ele destacou a construção de um reservatório para garantir o abastecimento da região.
“Precisamos de água, de florestas e lutar todos os dias contra a mudança do clima”, afirmou Mulino.
Lula reforçou que Brasil e Panamá são detentores de imensa biodiversidade e defendeu a adesão panamenha ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado na COP30. O presidente lembrou ainda que o Panamá, embora absorva mais gases do efeito estufa do que emite, já sofre com o impacto da elevação do nível do mar, o que forçou comunidades indígenas Guna a deixarem seu território ancestral.
Fonte: cenariomt
