PolĂ­tica

Lula critica com veemĂȘncia em discurso: verdades e mentiras em destaque

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Com a consciĂȘncia de que Ă© a vivalma mais pura do Brasil, Lula soltou o verbo na recepção oferecida ao primeiro-ministro japonĂȘs durante sua visita ao Brasil. Como a imprensa noticiou fartamente, o presidente disse que o Brasil “resolveu ser grande, desenvolvido” e “quer sair do grupo de paĂ­ses em via de desenvolvimento”. As razĂ”es que avalizam as esperanças lulistas? “Temos estabilidade jurĂ­dica, fiscal, econĂŽmica, social e temos uma coisa sagrada que Ă© previsibilidade. Aqui todo mundo sabe o que vamos fazer”. É isso mesmo. Gozamos dos prĂ©-requisitos para sermos uma grande potĂȘncia, disse Lula.

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Seria bom se tudo isso fosse verdadeiro. O problema Ă© que, para Lula, hĂĄ uma contradição insuperĂĄvel. JĂĄ se cansou de falar para os membros do seu partido que tudo, em polĂ­tica, se constrĂłi mediante mentiras repetidas sistematicamente e com convicção. Mente, mente, mente, que todo mundo vai acreditar na sua mentira. É um caso de superego mentiroso inflado. Tudo pode, se quiser. O problema Ă© que, como a mentira foi erguida Ă  altura de suprema verdade, a coisa fica confusa. NĂŁo dĂĄ para acreditar no que o sujeito diz. A solução mais civilizada seria esse sorriso maroto, de descrença generalizada em tudo quanto tinha ouvido e de surpresa hilĂĄria diante de tanta desfaçatez, que o primeiro-ministro japonĂȘs ensaiou no final da fala lulista. NĂŁo podia ser de outro jeito.

Lula não pode ser levado a sério. Seria cÎmico se não fosse trågico, porque estamos sendo governados precisamente por esse mentiroso contumaz.

NĂŁo hĂĄ “Plano Marshall” que salve os nossos irmĂŁos gaĂșchos, castigados pela mais sĂ©ria tragĂ©dia natural que se abalançou sobre o Estado sulino. Lula, que gosta de passar mensagens cifradas quando decide dar uma de comunicador, colocou os famosos Ăłculos de armação escura quando, de bonĂ©, foi visitar Porto Alegre, dias passados. Parecia um aplicado pesquisador que larga os instrumentos do seu laboratĂłrio para enfrentar desgraças alheias. Tanta tragĂ©dia sĂł podia ser visitada com Ăłculos de armação escura, tĂŁo tristes as cenas que o presidente testemunhou.

Lula riu depois de Eduardo Leite comentar a criação de uma espécie de Plano Marshall para reconstruir o Rio Grande do Sul | Foto: Reprodução/YouTube/GovBr
Lula Riu Depois De Eduardo Leite Comentar A Criação De Uma Espécie De Plano Marshall Para Reconstruir O Rio Grande Do Sul | Foto: Reprodução/Youtube/Govbr

Mas a solidariedade nĂŁo passou daĂ­ e das promessas genĂ©ricas de que o poder pĂșblico vai envidar os esforços que forem necessĂĄrios para acudir ao Rio Grande do Sul.  Dados divulgados pelo economista Carlos Alexandre da Costa (ex-secretĂĄrio especial para a retomada econĂŽmica do MinistĂ©rio da Economia na gestĂŁo de Paulo Guedes) mostram que nĂŁo adianta inventar um “Plano Marshall” para salvar o Rio Grande do Sul. O Estado sulino paga R$ 105 bilhĂ”es para a UniĂŁo e recebe apenas R$ 30 bilhĂ”es de transferĂȘncias. A UniĂŁo gasta mais R$ 25 bilhĂ”es do montante pago no Rio Grande do Sul. Dos R$ 50 bilhĂ”es restantes, R$ 11 bilhĂ”es vĂŁo para outros Estados; R$ 8 bilhĂ”es vĂŁo para o dĂ©ficit da PrevidĂȘncia e R$ 31 bilhĂ”es vĂŁo para BrasĂ­lia. Ou seja: seria melhor se o Rio Grande do Sul se virasse sozinho, sem ter de pagar o esdrĂșxulo montante de R$ 105 bilhĂ”es para a UniĂŁo.

Sem domar o mostrengo patrimonialista que de todos cobra e a poucos favorece, nĂŁo hĂĄ solução possĂ­vel para os extremos problemas que os nossos vizinhos gaĂșchos sofrem, nestes tempos de clima destrambelhado. O esforço de racionalização de gastos deveria começar pela prĂłpria mĂĄquina federal, que gasta bilhĂ”es desaforadamente, sem controle. O primeiro exemplo deveria ser dado por BrasĂ­lia. Chega de aumentos exorbitantes de salĂĄrios de altos funcionĂĄrios do JudiciĂĄrio. Chega de conferĂȘncias dadas pelos ministros do STF em luxuosos e carĂ­ssimos hotĂ©is europeus, com dinheiros pagos por empresas que tĂȘm contas a pagar Ă  Receita e com procedimentos em julgamento pelo Supremo. Discursar sobre o futuro alvissareiro do Brasil nessas condiçÔes Ă© acinte com quem paga impostos e constitui uma megalomanĂ­aca narrativa que chega aos limites do ridĂ­culo. Seria cĂŽmico, se nĂŁo fosse trĂĄgico.

Escolas cĂ­vico-militares
Ricardo VĂ©lez-Rodriguez É Ex-Ministro Da Educação | Foto: Ascom/Governo Federal

* nasceu em BogotĂĄ, na ColĂŽmbia. É conselheiro do Instituto Liberal. Foi ministro da Educação do Brasil em 2019. Formado em filosofia (licenciatura, mestrado e doutorado), pesquisa e histĂłria das ideias filosĂłficas e polĂ­ticas no Brasil e na AmĂ©rica Latina.

Fonte: revistaoeste

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