O apresentador Luciano Huck e a cantora Anitta estão no território indígena do Xingu, em Querência (MT), onde participam neste sábado (16) do Kuarup, uma das mais importantes tradições do povo indígena da região.
Eles visitaram a aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, e neste domingo (17) seguem para a aldeia do cacique Raoni, segundo Patxon Raoni, neto do líder indígena.
O Kuarup é uma cerimônia fúnebre que honra a memória de uma pessoa importante da aldeia, como um cacique ou uma liderança. É um ritual de despedida e celebração da vida, considerado o mais respeitado entre os povos do Xingu.
Ele une nove etnias em torno de cantos, danças, doação de alimentos, além da tradicional luta Huka-Huka, arte marcial xinguana que encerra a cerimônia.
Ainda não foi divulgada a data de exibição das gravações de Anitta e Luciano Huck na região, para o programa Domingão com Huck.
Kuarup: ritual exige um ano de preparação
O Kuarup é realizado em circunstâncias muito específicas: quando uma liderança ou um membro da família de um cacique morre.
A preparação é longa, durando cerca de um ano a partir do falecimento, e envolve diversas etapas.
O processo inclui a busca por troncos sagrados no cemitério, a doação de alimentos essenciais como massa de pequi e polvilho, além de cantos e danças que “tiram a tristeza das famílias” e preparam a comunidade para a celebração final.
A presença das crianças na cerimônia
Mais do que uma celebração voltada aos adultos, o Kuarup envolve também as novas gerações. O pequeno Walama Aris Yawalapiti, de apenas 1 ano e 7 meses, já participa ativamente do ritual ao lado do pai, Wala Yawalapiti.
Segundo Wala, a cerimônia não é apenas um adeus às lideranças falecidas, mas também um momento de união e aprendizado cultural. “É uma celebração que remove a tristeza e une as famílias”, explica.
O menino Walama se tornou símbolo desse legado. Ao acompanhar os mais velhos, dançar e tocar instrumentos, inspirou outras crianças a participarem. Para o pai, ele representa o futuro: “Será um dos jovens que levará esse ritual para a próxima geração”.
Parque Indígena Xingu
A Terra Indígena Parque do Xingu é uma área protegida de Mato Grosso, reconhecida como a maior e uma das mais importantes reservas indígenas multiétnicas do Brasil.
Criada em 1961, a região é marcada pela transição entre Amazônia e Cerrado, abrigando rica biodiversidade e preservando culturas tradicionais.
Hoje, o território é habitado por diversos povos, como Kayapó, Aweti, Ikpeng, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiwete (Kaiabi), Khisêtjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukwá, Naruvotu, Tapayuna, Trumai, Wauja, Yawalapiti e Yudja.
Cacique Raoni
O cacique Raoni Metuktire, uma das principais lideranças indígenas do Brasil, é conhecido mundialmente não apenas pela luta incansável em defesa da Amazônia, mas também por aparência marcante.
Um dos elementos que mais chama atenção é o adorno circular que ele usa no lábio inferior, o labret. Esse costume faz parte da tradição do povo Kayapó, etnia da qual Raoni faz parte, e tem profundo significado cultural.
Também conhecido como botoque labial, o labret é um disco ornamental de madeira inserido no lábio inferior por meio de uma perfuração.
Fonte: primeirapagina