As mesinhas redondas estão na calçada, grudadas umas nas outras, como reza a cartilha. As cadeiras de palhinha viradas para a rua também, estrategicamente posicionadas para “ver o movimento”. No couvert, crème fraîche; nas sobremesas, plateaux de fromage. Só que o que mais chama a atenção desfilando na rua de tempos em tempos não é o senhor apressado de baguete debaixo do braço ou as elegantes senhoras e artistas de boina; é um bonde elétrico amarelo com ares do século passado.
No Cícero Bistrot, aberto há poucos meses no coração do charmoso bairro de Campo de Ourique, em , França e Portugal se unem numa combinação inusitada, que ainda abre espaço a toques bem brasileiros. Bem-vindos ao primeiro restautante-galeria da cidade.
Com uma área que se divide em diferentes salas em dois andares, o Cícero logo escancara a origem do seu nome: uma homenagem ao pintor Cícero Dias, grande nome do Modernismo brasileiro diretamente relacionado à Semana de Arte Moderna, com telas que decoram paredes inteiras. O “anfitrião” tem a companhia de óleos sobre tela, colagens, lito e xilogravuras de colegas artistas como Félix Farfan, Kilian Glasner, Bruno Vilela, Paulo Bruscky e da vitralista francesa Marianne Peretti, entre outros representantes que vão do modernismo à arte contemporânea do Brasil.
O acervo, composto de cerca de 30 peças originais, é particular e marca a transição na “carreira” do ex-banqueiro pernambucano Paulo Dalla Nora Macedo, agora em sua versão restaurateur lisboeta. “A cultura deve estar em todos os lugares”, diz Paulo. “Inclusive na nossa vida diária.”
![3 Sala de um restaurante com obras de arte na parede](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131550/3-3.jpg)
![5 Mesa de um restaurante com cadeiras de palhinha e copos virados de cabeça para baixo](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131549/5.jpg)
As influências da cozinha, a cargo do chef português Hugo Cortez, não são mero acaso: percorrem os sabores dos três países onde o mestre Cícero Dias viveu (França, Portugal e Brasil). E assim ingredientes como dendê, banana e açaí dividem as prateleiras com trufas frescas, presunto cru e bacalhau. O resultado é surpreendentemente delicado, sempre acompanhado de perto por Paulo. “Eu nunca soube cozinhar, mas eu adoro comer bem”, diz o empresário, que faz questão de ir de mesa em mesa cumprimentar os clientes e perguntar o que estão achando.
Paulo não hesita em sugerir os melhores pratos ou recomendar com conhecimento os vinhos da carta que acompanham cada escolha. E faz questão de frisar que só entram na cozinha ingredientes de altíssima qualidade – o que ajuda a explicar os preços do cardápio, onde os pratos individuais chegam a custar 39 euros. Se vale a pena? Quando você comeu num verdadeiro museu?
![11 Janela da cozinha do restaurante onde se vê três cozinheiros vestidos de verde, mostrando os pratos](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131548/11.jpg)
![7 Prato do restaurante onde se vê uma base de rúcula e, sobre ela, um cogumelo com pedacinhos de presunto e fatias de trufas frescas](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131547/7.jpg)
![9 Prato do restaurante com um creme amarelo na base, um filé de peixe e um grande camarão ao centro](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131546/9.jpg)
![10 Sobremesa num prato verde que mostra duas metades de uma pêra sem casca, uma bola de sorvete cor de rosa e crocante de amêndoas](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2023/02/16131544/10.jpg)
Fonte: viagemeturismo