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PolĂ­tica

Jurista Ives Gandra critica inquĂ©rito das fake news como ‘buraco negro’

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O advogado constitucionalista Ives Gandra afirmou que o inquĂ©rito do fim do mundo, tambĂ©m conhecido como inquĂ©rito das fake news, tornou-se um “buraco negro”. Ele deu a declaração nesta quinta-feira, 5, na audiĂȘncia pĂșblica realizada pela deputada Julia Zanatta (PL-SC) na ComissĂŁo de Constituição e Justiça (CCJ) da CĂąmara. O tema foi “ImplicaçÔes das decisĂ”es tomadas no inquĂ©rito das fake news”.

“Esse inquĂ©rito, que meu querido amigo Marco AurĂ©lio chama de inquĂ©rito do fim do mundo, nĂŁo poderia continuar”, disse Ives Gandra. “Virou um verdadeiro buraco negro. Tudo quanto Ă© matĂ©ria entra em fake news. E se nĂłs analisarmos a Constituição, ela nĂŁo permitiria esse inclusivo inquĂ©rito.”

O especialista citou dois incisos do artigo 5Âș da Constituição para embasar sua argumentação:

  • — “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”;
  • — “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alĂ©m da indenização por dano material, moral ou Ă  imagem”.

“Todo cidadĂŁo deve ter a liberdade de dizer o que pensa e, se abusou, vai ser a posteriori, nĂŁo a priori, impedido de dizer aquilo que ele entendeu que, naquele momento, era importante dizer numa democracia, que Ă© sempre um debate de ideias”, explicou.

Ives Gandra destacou que a “Constituição diz que só pode haver um controle a posteriori e não uma definição a priori”, mas que ocorre atualmente uma sobreposição ideológica. 

“Mas quando as ideologias prevalecem, e a ideologia Ă© a corruptela das ideias, Ă© evidente que nĂłs vamos tendo o seguinte, aqueles que sĂŁo controladores do pensamento do cidadĂŁo”, declarou.

O advogado constitucionalista sinalizou a importĂąncia do reconhecimento das competĂȘncias de cada um dos TrĂȘs Poderes. Ives Gandra destacou que o Legislativo Ă© o Poder que representa o povo e responsĂĄvel por fazer as leis — o Executivo tambĂ©m elabora leis, porĂ©m, com aval do Congresso e por meio de medidas provisĂłrias e leis delegadas.

“O Poder JudiciĂĄrio vem, portanto, em terceiro lugar para fazer respeitar a lei que nĂŁo faz”, explicou. “Cada um deles trabalhando dentro daquelas competĂȘncias estabelecidas na Constituição, sem preocupação de invadir competĂȘncias alheias.”

Nesse sentido, o especialista demonstrou que o inquĂ©rito de fake news do STF representa “uma revolução, um reescrever a Constituição, com as substituiçÔes de juĂ­zo natural, com a entrada de tudo aquilo que se considera fake news”.

Ives Gandra sinalizou que essa inversĂŁo acaba inferindo, consequentemente, “na perda de importĂąncia do Congresso”. “Dizia o ministro Luiz Fux que o Congresso Ă© o mais importante Poder da RepĂșblica, que Ă© o Ășnico que representa a totalidade da população.”

“O inquĂ©rito, em vez de fortalecer a democracia, enfraquece-a sobremaneira. E, o que Ă© mais triste, vai limitando o que Ă© extremamente importante numa democracia, que Ă© a liberdade de expressĂŁo”, refletiu.

Fonte: revistaoeste

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