O advogado constitucionalista André Marsiglia disse que a decisão judicial que é “inconstitucional” e “caracteriza censura prévia”. A 9ª Vara Criminal de Fortaleza ordenou a suspensão da produção por um período de 90 dias.
A Justiça determinou que o documentário fosse retirado do ar depois de acusações do , que associou o conteúdo a uma suposta campanha coordenada de ataques virtuais contra Maria da Penha Maia Fernandes, ícone da luta contra a violência doméstica no Brasil.
“A decisão é inconstitucional e caracteriza censura prévia”, disse Marsiglia em publicação no X, nesta quarta-feira, 16. “Além disso, a atuação do MP é irregular, pois não detém legitimidade para tutelar interesses privados, como a defesa da biografia de Maria da Penha.”
O Tribunal tomou a decisão no contexto da Operação Echo Chamber, deflagrada para apurar supostos crimes de calúnia, cyberstalking e disseminação de desinformação.
O MPCE sustenta que o material do documentário apresenta “acusações infundadas de fraude processual” e alega que a empresa utilizou documentos falsos para sustentar suas teses.
Segundo o órgão, o conteúdo promovido pela Brasil Paralelo tenta “gerar dúvida sobre
a veracidade dos fatos e sobre a legitimidade do julgamento ocorrido”, apesar de haver, segundo o Ministério Público, comprovação judicial e pericial consolidada sobre o caso.
“O simples fato de uma lei levar seu nome não transforma sua biografia em patrimônio público tutelável pelo Estado”, afirmou Marsiglia. “Se essa lógica fosse admitida, o MP precisaria defender também a imagem de Pelé, Zico ou Aldir Blanc, por haver leis batizadas com seus nomes. O MP se tornaria um escritório de advocacia de celebridades.”
De acordo com Marsiglia, “o Judiciário e o têm se tornado instrumentos de um fechamento cada vez mais explícito das liberdades no país” e a decisão contra a Brasil Paralelo é “absurda e abusiva”.
“A decisão de suspender integralmente o documentário por 90 dias, em fase inicial de investigação, é manifestamente inconstitucional e configura censura prévia”, disse. “Pressupõe que o documentário inteiro seja ilícito e representa um risco ofertá-lo ao público.”
Fonte: revistaoeste