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Juíza Tula Mello sentencia Ronaldinho Tabajara, líder de bando que atacou e matou seu marido

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Via @jornaloglobo | No último dia 15, a Polícia Civil realizou uma operação na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, visando capturar dois suspeitos envolvidos no assassinato do agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), João Pedro Marquini. O policial era marido da juíza Tula Mello e foi morto em 30 de março, na Serra da Grota Funda, Zona Oeste do Rio. O agente foi atingido ao sair de seu veículo e se posicionar entre os atiradores e o carro de sua esposa, que seguia em outro veículo. Ele não reagiu, mas foi atingido por cinco disparos de fuzil e morreu no local.

Segundo relatório sigiloso da Polícia Civil, mesmo preso desde 2003 e cumprindo pena em presídio federal fora do Rio há nove anos, Ronaldo Pinto Lima Silva, conhecido como Ronaldinho Tabajara, continua comandando o tráfico na favela que leva seu apelido. De dentro da prisão, ele teria ordenado invasões a outras áreas, como a comunidade de Antares, dominada por milicianos. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), os criminosos retornavam de Antares quando emboscaram o casal na noite de 30 de março. Por ironia, a juíza Tula Mello, titular do 3º Tribunal do Júri, havia condenado Ronaldinho Tabajara a 30 anos de prisão em 2023.​

Na sentença proferida em 8 de março de 2023, a magistrada aplicou a pena de 30 anos de prisão em regime fechado a Ronaldinho Tabajara e a Roberto de Souza Brito. Ambos foram condenados pelo assassinato de Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha, também integrante do Comando Vermelho (CV). O Conselho de Sentença reconheceu, por maioria, que os dois foram mandantes do crime.​

O homicídio ocorreu em 8 de julho de 2013, no presídio Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó, em Bangu. Mesmo detidos na Penitenciária Dr. Serrano Neves (Bangu 3), Ronaldinho e Roberto ordenaram a execução de Dudu da Rocinha, suspeito de ser informante dos agentes penitenciários — atualmente chamados de policiais penais. A suspeita surgiu após a intensificação das revistas nos presídios devido a uma fuga no complexo e à descoberta de armas em unidades onde membros da facção estavam detidos.​

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Ronaldo Pinto Lima e Silva, o Ronaldinho Tabajara, quando foi preso em 2003 — Foto: Custódio Coimbra

Chefes do CV decretam “sentença” de morte de ex-aliado

Após uma reunião entre chefes do CV em Bangu 3, foi decretada a “sentença” de morte de Dudu da Rocinha. Ele foi assassinado por colegas da unidade enquanto se preparava para dormir. Parte do grupo entrou na cela, enquanto outros vigiavam a entrada do pavilhão. Os detentos tentaram simular uma overdose, introduzindo cocaína nas narinas da vítima. Com a resistência de Dudu, ele acabou sendo estrangulado. O laudo de necropsia revelou que a cocaína foi usada para mascarar o verdadeiro motivo da morte.​

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Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha, sendo interrogado no 1º Tribunal do Júri; ele foi morto por ex-aliados na cela — Foto: Michel Filho

Na sentença, a juíza justifica a condenação:

“O Conselho de Sentença reconheceu que o crime foi cometido por motivo torpe e cometido de modo a impedir a defesa da vítima”.

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Ronaldo Pinto Lima Silva, o Ronaldo Tabajara, é condenado — Foto: reprodução

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Assinatura da juíza presidente do 3º Tribunal do Júri, Tula Mello — Foto: reprodução

Em outro trecho da decisão, Tula Mello cita a ousadia dos criminosos em tramar um crime dentro da cadeia:

“Assim, considero como circunstância judicial desfavorável a audácia criminosa, na prática do crime no interior do sistema prisional, representando total desprezo e desrespeito ao Estado e suas instituições. As circunstâncias do crime são nefastas, sendo que a violência imposta pelo réu (Ronaldo Tabajara) e seus comparsas na malfadada facção, que se autodenomina Comando Vermelho, também é dirigida a todos os cidadãos, ainda que não atingidos diretamente, mas indiretamente pela sensação de insegurança causada e propalada na sociedade, mesmo quando se encontram encarcerados”.

O Ministério Público do Rio denunciou 13 presos pelo homicídio, mas o processo foi desmembrado entre executores e mandantes. Atualmente com 53 anos, Ronaldinho Tabajara permanece como um dos integrantes da cúpula do Comando Vermelho e é alvo de 53 inquéritos policiais. Sua defesa nega que ele se comunique da prisão, alegando que, por estar em presídio federal, todas as conversas são monitoradas, inclusive com advogados.

Ação da Polícia Civil na Ladeira dos Tabajaras

Na operação realizada no dia 15 na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, houve intenso tiroteio. Cinco suspeitos foram mortos, incluindo Vinícius Kleber Di Carlantonio Martins, conhecido como “Cheio de Ódio”, apontado como chefe do tráfico na comunidade e braço direito de Ronaldinho Tabajara. “Cheio de Ódio” possuía mais de 30 anotações criminais e, segundo a polícia, teria participado do ataque que resultou na morte do agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), João Pedro Marquini.​

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Adolescente cobre rosto de criança com a mão, durante retirada de cadáver em operação na Ladeira dos Tabajaras — Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo / 15-04-2025

Outro suspeito de envolvimento na execução do policial, Antônio Augusto D’Ângelo da Fonseca, foi preso na noite do mesmo dia, escondido no apartamento da mãe, em Copacabana. A prisão ocorreu horas após a operação na comunidade.​

Por Vera Araújo
Fonte: @jornaloglobo

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