O empresário Joesley Batista tem causado surpresa em círculos da Faria Lima, em São Paulo, e do meio político, conforme revelou o site Platô. O empresário, que figura como principal acionista do grupo , passou a ventilar, em conversas reservadas, a possibilidade de concorrer ao nas eleições de 2026.
Muitos interlocutores reagem com descrença. Ainda assim, dois movimentos recentes mantêm a dúvida no ar. O primeiro sinal surgiu em 2023, quando Joesley abriu um perfil no Instagram. Desde então, investe pesado na reconstrução da própria imagem pública.
O empresário adotou um tom mais próximo, leve e institucional nas redes. Publica conteúdos que destacam sua atuação no setor produtivo, projetos sociais e iniciativas empresariais. O discurso, antes limitado ao ambiente corporativo, agora alcança públicos mais amplos, com foco na reputação.
Outro ponto que chama atenção envolve a montagem de uma estrutura de comunicação mais robusta. Pessoas próximas revelam que Joesley contratou consultores, especialistas em marketing político e profissionais de imprensa.
Batista se tornou um dos personagens centrais da Operação Lava Jato e de seus desdobramentos. O empresário se envolveu diretamente nos maiores escândalos de corrupção da história do .
Em 2017, ele firmou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O conteúdo das delações teve forte impacto no cenário político nacional. Joesley entregou gravações e documentos que revelaram esquemas de corrupção, pagamento de propinas e compra de influência que envolveram dezenas de políticos de alto escalão, incluindo o então presidente Michel Temer, governadores, senadores e deputados.
Uma das principais provas apresentadas foi uma gravação feita pelo próprio Joesley durante uma reunião com Michel Temer no Palácio do Jaburu. Na conversa, o empresário relatou ao presidente que mantinha pagamentos mensais ao ex-deputado Eduardo Cunha para que ele permanecesse em silêncio na prisão.
Além disso, a delação revelou que o grupo J&F pagou bilhões de reais em propinas a políticos, em troca de facilidades em empréstimos do BNDES, isenções fiscais e outros benefícios para suas empresas.
Como contrapartida pela colaboração, Joesley e outros executivos da J&F conseguiram um dos acordos de leniência mais caros da história: a empresa se comprometeu a pagar R$ 10,3 bilhões em multas.
O acordo de delação, porém, gerou enorme controvérsia. Parte do Ministério Público questionou a generosidade dos benefícios concedidos aos irmãos Batista. Eles chegaram a ser presos, em setembro de 2017, sob acusação de omitir informações relevantes e manipular o mercado financeiro ao lucrar com operações realizadas pouco antes de a delação se tornar pública.
Fonte: revistaoeste