De um lado da tela, ela em Londres; do outro, eu em São Paulo. Foi pelo Zoom que conversei com JADE pela segunda vez em sua carreira solo. No ano passado, ela me falou sobre os planos de lançamento de seu primeiro álbum e, agora, ele finalmente está entre nós. Sempre muito querida e receptiva, desta vez, a cantora falou sobre a estreia de “That’s Showbiz Baby”, um trabalho que marca sua nova fase, suas inseguranças e conquistas, e reforça o vínculo que construiu com o público LGBTQ+ desde os tempos de Little Mix.
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(Foto: Divulgação)
JADE contou que o disco nasceu, principalmente, de experiências vividas em sua carreira e no último ano. Quando lhe pedi um comparativo em relação a este mesmo mês em 2024, ela disse: “Bem, eu acho que nessa época do ano passado, havia muita incerteza e emoção, mas também um pouco de medo do desconhecido. A reação à música (Angel of My Dreams) foi incrível. Desde então, participei de muitos festivais, mas sinto que agora eu realmente estou pronta para que o álbum seja lançado, e para que as pessoas tenham a experiência disso.”
Sobre os temas que guiaram a sua escrita, suas composições em “That’s Showbiz Baby”, ela explica:
“Eu acho que há alguns conceitos, mas todos são sobre navegar a vida na indústria. Algumas das músicas são literalmente apenas sobre isso, a indústria da música em geral. Algumas são sobre mim, tipo, minhas turbulências internas sendo parte disso. Algumas músicas são sobre encontrar amor nesse espaço, ou sobre desamor também. Então, sim, eu acho que o tema mais amplo é o showbiz, e encontrar a mim mesma, redescobrindo quem eu sou sozinha, o que foi muito legal fazer.”
“Pop feliz e triste”
Com as primeiras amostras, já dava pra sacar que “That’s Showbiz Baby” tinha uma dualidade emocional. Um certo contraste entre beats perfeitos para pista de dança e letras com confissões íntimas . JADE fez questão de detalhar como construiu essa narrativa para o projeto e usou algumas faixas como exemplo:
“Acho que músicas como ‘Glitch’ ou ‘Unconditional’ são bem tristes, mas ainda há um senso de euforia nelas. Eu acho que essa é uma das minhas maneiras favoritas de escrever, é criar aquele sentimento feliz e triste, quase confusão quando você ouve uma música. (…) Eu gosto de escrever sobre coisas vulneráveis ou problemas pessoais, mas ainda ‘Jadeando’ elas, o que, eu acho, para mim são grandes produções, retorcidas, viradas.”
Ela continuou: “Essas músicas, quando são refeitas em outras versões, como ao piano ou algo mais acústico, você realmente consegue captar essa tristeza”.
JADE provou essa ideia, por exemplo, quando lançou “Angel of My Dreams” na versão “S.A.D. – Slow. Angelic. Dramatic”. Essa versão, no entanto, não está na tracklist final do disco.
“É os gays, depois as garotas, e depois o resto do mundo”
JADE sempre se posicionou como uma forte aliada da comunidade LGBTQ+. Na época do Little Mix, foi a responsável por introduzir o universo das drag queens no clipe de “Power” e chegou a ter um programa de culinária na MTV UK, o Served!, também acompanhada de drags.
Não há como não conectar esse forte laço com a comunidade com a boa recepção do seu trabalho solo. Sobre o acolhimento que teve, desde o lançamento de “Angel of My Dreams”, ela disse:
“Eu não sei o que eu estava esperando. Acho que eu estava animada para surpreender as pessoas. Obviamente, eu tinha fãs mais hardcore do Little Mix que diziam que sabiam tudo sobre mim, mas eu acho que ainda havia muito para mostrar às pessoas sobre mim e surpreender as pessoas com como eu performo sozinha e qual tipo de música eu posso escrever. E isso me mostrou também que eu realmente posso fazer isso sozinha.”
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Ela complementou, reconhecendo o apoio dos fãs LGBTQ+ e até creditando parte do seu bom desempenho a eles:
“Tenho total consciência disso (o apoio da comunidade). Eu sempre estou atenta para não ser desrespeitosa, tenho muito cuidado para que isso seja autêntico. Quero criar música para esses fãs e ter certeza de que eles se sentem apoiados por mim também. A comunidade percebe quando uma pessoa é oportunista ou está apenas performando essa aliança, sabe? Eles são inteligentes, têm bom gosto e podem dizer ‘quem é e quem não é’. Mas é sempre os gays primeiro. É os gays, depois as garotas, e depois o resto do mundo. Se minha carreira, a partir de agora, fosse apenas performando nas boates gays pelo resto da minha vida, eu ficaria muito feliz.”

Jade. Foto: Reprodução Instagram @jaqdethirlwall
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Os desafios da carreira solo e conquistas
Mesmo com apoio, a transição de um grupo de sucesso para carreia solo pode ser difícil. JADE também falou sobre as pressões e críticas que enfrentou nesse período. Ao comentar o impacto das redes sociais, ela foi franca:
“Como artista solo, o maior desafio foi lidar com as críticas. Antes, na época do Little Mix, era mais em relação à imprensa. Agora é mais sobre as pessoas online, que podem dizer o que querem e ser muito cruéis e negativas. É preciso entender que tudo isso é uma grande bobagem. Tenho sempre que lembrar disso e não deixar que atrapalhe meu bem-estar mental e que me afete demais. E eu escrevo sobre isso no disco. ‘Glitch’ foca muito nisso, ‘Self-Saboteur’ também”.
Embora exista dificuldade, JADE tem se saído bem e já conquistou espaços importantes como solista. Ela se apresentou no BRIT Awards 2025, fez show no Glastonbury, o principal festival do Reino Unido, e foi a responsável pelo show de abertura da turnê de Chappell Roan na Inglaterra. Sobre a performance no BRITS, ela disse:
“Eu sonhei em fazer isso sozinha, e, você sabe, para mim foi a minha grande oportunidade de TV, então eu queria dar tudo o que eu tinha, porque eu sabia que isso teria o potencial de chegar em todos os lugares. Eu apostei tudo e eu me senti pronta para isso, eu senti que eu merecia aquele momento.”

Foto: Instagram @jadethirlwall
Já sobre abrir shows para Chappell, ela comentou nas redes sociais que “planejou” essa oportunidade por dois anos. JADE explicou o “plano”:
“Eu e minha amiga, que mora comigo, sempre estávamos olhando na internet pelas datas da Chappell no Reino Unido, risos! Eu sabia que ela iria ser a próxima grande popstar! Ela foi incrível, foi tão linda, me deu um grande apoio. Eu acho que nós temos uma similaridade em termos de teatralidade com a nossa música.”
Brasil está nos planos da turnê
Antes de encerrar, JADE falou sobre o desejo de fazer uma turnê global para “That’s Showbiz Baby”, mas reconhece que a realidade agora é diferente de quando estava no Little Mix: “O sonho é viajar por todo o mundo e não ficar só no Reino Unido. Quero ir pra Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia… Tenho esperança e sonho alto, mas estou recomeçando, é uma carreira nova.”
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Já sobre uma visita ao Brasil, ela disse:
“Eu adoraria ir para o Brasil, é um dos meus lugares favoritos. Já faz um tempo desde que eu estive no Brasil pela última vez, mas eu realmente espero que eu possa fazer um grande festival lá, ou algo. Acho que esse é o objetivo para o próximo ano. Dedos cruzados, isso seria incrível.”
Fonte: portalpopline