Vídeo ao final • O investigador José Thiago Faro Barros da Costa,
integrante da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da
Polícia Civil do Pará, apresentou-se espontaneamente na tarde de segunda-feira (1º/12) na
Divisão de Crimes Funcionais (DECRIF). A apresentação voluntária ocorreu um dia após o episódio em que o
advogado criminalista Carlos Alberto dos Santos Costa Júnior morreu, na
madrugada de 30 de novembro, durante um confronto em frente a uma casa de festas
no bairro da Marambaia, em Belém. Segundo os autos judiciais, o inquérito
permanece incompleto, ainda sem laudos periciais, oitivas essenciais e demais
peças necessárias ao avanço das investigações.
Versão da defesa
De acordo com o advogado criminalista Eduardo Monteiro (@adv.eduardomonteiro), responsável pela defesa do policial, José Thiago apresentou-se
voluntariamente, entregou sua arma funcional e prestou todos os
esclarecimentos. Ele afirma que essa apresentação evitou a prisão em flagrante
e garantiu que o policial respondesse em liberdade. Segundo o defensor, José
Thiago estava sóbrio,
está com pedra no rim e está tomando medicação para isso, e ficou
emocionalmente abalado após o ocorrido. A defesa sustenta que o policial
reagiu a uma agressão iminente com uma garrafa — ponto que, segundo declara,
poderá ser confirmado por testemunhas e vídeos divulgados pela imprensa,
embora tais materiais ainda não constem oficialmente no inquérito.
Ainda segundo o advogado de defesa, a confusão dentro do
estabelecimento teria ocorrido em duas etapas. Ele afirma que a vítima
primeiro se aproximou de José Thiago dizendo que ele estaria olhando para sua
namorada, ao que o policial teria respondido que não o conhecia e não estava
olhando para ninguém. O defensor relata que, após essa primeira abordagem, a
vítima teria permanecido à distância, olhando fixamente, provocando e fazendo
comentários, o que deixou o policial apreensivo por ser integrante da CORE,
unidade especial da Polícia Civil.
A defesa acrescenta que, momentos depois, a vítima teria retornado para
uma segunda abordagem dentro da casa de festas, afirmando que “daria um soco”
no policial. O advogado sustenta que, já na parte externa, quando o policial
tentou falar novamente com a vítima, ele teria sido recebido imediatamente com
uma garrafada — elemento que, de acordo com o defensor, justificaria a reação
subsequente.
Depoimento prestado à DECRIF
Segundo o termo de declaração já anexado aos autos, José Thiago relata
que a discussão começou dentro do estabelecimento, após ser abordado pela
vítima, que o acusou de olhar para sua namorada. Ele afirma que Carlos Alberto
estava alterado, proferiu xingamentos e fez gestos interpretados como ameaças.
O policial tentou evitar o conflito e decidiu ir embora com o irmão. Ao chegar
na parte externa, relata que Carlos Alberto avançou novamente, desta vez com
uma garrafa em mãos. Segundo o depoimento, o policial recuou diversas vezes
antes de efetuar dois disparos que atingiram a vítima. Após os tiros, pediu
que o irmão chamasse socorro e deixou o local temendo hostilidade da multidão.
Vídeos e repercussão na imprensa
Veículos de comunicação divulgaram registros audiovisuais do episódio. Segundo
imagens divulgadas por Wesley Costa (@wesleycostatv), da TV Liberal (afiliada da Rede Globo), a vítima faz um movimento
interpretado como tentativa de golpe com uma garrafa. Já o perfil
Gazeta Carajás (@gazetacarajas) publicou outro ângulo, cuja interpretação sugeriria uma possível tentativa
de sacar uma arma, leitura divergente da tese defensiva.
O portal O Liberal (@oliberal) repercutiu as versões e destacou que, segundo o advogado,
José Thiago
entrou em forte abalo emocional. Até o momento, nenhum desses vídeos foi
anexado oficialmente aos autos, e não há laudo técnico que valide ou
interprete a dinâmica registrada.
O vídeo a seguir foi divulgado pela imprensa para
contextualização do episódio. Conforme as regras de apuração, o
material é exibido apenas como registro visual já tornado público, não
integrando os autos e ainda sem análise pericial oficial.
Atuação da OAB/PA
A
Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará, por meio do perfil
@oabparaoficial, requereu habilitação como assistente no inquérito. A entidade afirma que
possui legitimidade para acompanhar casos que envolvam advogados vítimas de
violência e que a proteção das prerrogativas profissionais é sua atribuição
legal. O pedido está registrado no processo e aguarda manifestação judicial.
Segundo a defesa, embora a OAB/PA tenha requerido habilitação como
assistente, o episódio não teria relação com o exercício profissional do
advogado. O defensor afirma que a vítima estava em uma festa, em ambiente
social, e não desempenhava nenhuma função ligada à advocacia no momento do
ocorrido. Por isso, segundo o advogado, a entidade não deveria tratar o caso
como um ataque relacionado ao exercício das prerrogativas profissionais.
Situação atual do inquérito
Segundo certidão da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, vinculada ao
Tribunal de Justiça do Pará, o inquérito permanece oficialmente incompleto. Ainda não foram anexados
laudos periciais, oitivas de testemunhas, análise de imagens ou demais
diligências sob responsabilidade da Polícia Civil. Até o momento, não há
denúncia oferecida pelo Ministério Público nem definição oficial sobre
eventual legítima defesa ou outra configuração jurídica.
Próximos passos
A investigação depende da conclusão da perícia das imagens divulgadas pela
imprensa, da análise balística, do laudo necroscópico, das oitivas das
testemunhas presenciais e do relatório final da autoridade policial. Após a
conclusão dessas etapas, caberá ao Ministério Público definir se apresentará
denúncia e qual será o enquadramento jurídico dos fatos.
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