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Intervenção militar dos EUA na Venezuela: saiba o desfecho das operações mais recentes

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Nos últimos dias, agências internacionais revelaram que a Casa Branca mandou navios de guerra com mísseis e que enviaria 4 mil militares em três porta-aviões de guerra para águas próximas da Venezuela sob o argumento de combater o narcotráfico.

Diante da crise na Venezuela e da pressão internacional sobre o regime de Nicolás Maduro, acendeu-se o alerta sobre uma possível intervenção militar dos Estados Unidos no país latino-americano.

OS EUA têm um histórico de intervenções militares em outros países, mas no continente americano, não realizavam uma intervenção desde 1989, para depor o ditador Manuel Noriega por tráfico de drogas. Os EUA também usaram seu arsenal bélico para intervir no Afeganistão, Iraque, Líbia, Irã e Síria.  

A justificativa sempre foi combater o terrorismo ou defender a humanidade, mas os casos têm suas particularidades. A invasão no Afeganistão foi para retaliar a al-Qaeda, o grupo terrorista responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001. 

Já no Iraque os EUA afirmavam que era necessário invadir porque havia armas químicas e biológicas, mas elas nunca foram encontradas. Até hoje, analistas questionam o real motivo já que o país do Oriente Médio é um dos maiores produtores de petróleo no mundo.  

Veja como foram as intervenções dos EUA em outros países, dos motivos apresentados aos resultados: 

Afeganistão 

A ação militar dos Estados Unidos no Afeganistão foi uma das operações mais longas e complexas da história recente. Ela durou quase 20 anos, com início em outubro de 2001, logo após os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center (Torres Gêmeas), em Nova York, e ao Pentágono, em Washington.

O objetivo principal era remover o Talibã do Afeganistão, depois que o grupo se recusou a entregar Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, a quem os ataques foram atribuídos. Em cerca de dois meses, os EUA tomaram o controle das principais cidades, incluindo a capital, Cabul.  

Bin Laden foi morto em maio de 2011, e a partir de junho do mesmo ano, as tropas norte-americanas começaram um processo de retirada gradual do país. Em 2020, um acordo de paz foi assinado no primeiro governo de Donald Trump, mas seu sucessor, Joe Biden, mudou o prazo de retirada completa para agosto de 2021. A retirada final, no entanto, foi caótica. Um ataque suicida do Estado Islâmico matou mais de 180 civis afegãos e 13 militares americanos. 

A guerra no Afeganistão custou mais de US$ 2,3 trilhões (R$ 12,9 trilhões) aos Estados Unidos e resultou na morte de mais de 2.400 militares americanos, milhares de militares de outras nações e dezenas de milhares de civis afegãos.  

Iraque 

A Guerra do Iraque, também conhecida como Ocupação do Iraque, começou após acusações de que o regime de Saddam Hussein possuía armas químicas e biológicas e apoiava grupos terroristas, o que seria uma ameaça à paz. Para conter o ditador iraquiano, uma coalizão de forças internacionais, lideradas pelos EUA e pela Inglaterra, invadiu o país em 2003.

O governo de George W. Bush pediu ao Conselho de Segurança da ONU que aprovasse uma ação militar contra o Iraque, mas o órgão se recusou, argumentando que queria encontrar mais evidências sobre a existência de armas de destruição em massa. Os EUA, no entanto, não esperaram pela aprovação. 

As armas químicas e biológicas de destruição em massa alegadas pelos EUA e Reino Unido nunca foram encontradas. Isso, somado à posição do Iraque como um dos principais produtores de petróleo, gera controvérsia e levanta dúvidas até hoje sobre verdadeiro motivo da guerra. 

A ocupação foi oficialmente encerrada em 2010. No final de 2011, sob a gestão do presidente Barack Obama, as tropas americanas começaram a ser retiradas do Iraque. Mesmo assim, a guerra deixou consequências durante e após a ocupação, como instabilidade, aumento da violência e à proliferação de grupos terroristas na região.

11 de setembro vítimasTorres do World Trade Center em chamas após serem atingindas por aviões durante os ataques terroristas de 11 de setembro nos EUA. (Foto: HUBERT MICHAEL BOESL/EPA PHOTO DPA/tm-ms)

Líbia 

A ação militar dos EUA na Líbia não foi uma guerra declarada, mas uma coalizão internacional liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A ideia era proteger a população civil e impedir um massacre após a eclosão da Guerra Civil Líbia, em 2011.

O então ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, que estava no poder há 42 anos, respondeu com extrema violência aos protestos pacíficos contra seu governo. Foi na mesma época que aconteceu a Primavera Árabe, quando várias revoltas populares estouraram em países do Médio Oriente e do Norte da África. 

No início da intervenção, os EUA forneceram defesas aéreas e coordenaram forças internacionais, o que levou à queda de Kadafi. Naquele mesmo ano, os EUA transferiram o comando da operação para a OTAN e continuaram somente com apoio logístico e aéreo enquanto um governo provisório era estabelecido. 

Porém, em 2014, o processo político de transição foi abandonado e, com esse vácuo, Khalifa Haftar, comandante do Exército Nacional Líbio (ENL), uma facção da Líbia, tomou o poder. A instabilidade levou a uma crise humanitária e de refugiados e à proliferação de armas na região, fortalecendo grupos extremistas. 

O ex-presidente dos EUA Barack Obama admitiu que não planejar uma Líbia pós-Kadafi foi o “pior erro” de sua presidência. Embora a intervenção tenha sido bem-sucedida em seu objetivo de derrubar Gaddafi, a Líbia mergulhou em uma guerra entre facções e milícias lutando pelo controle, deixando um legado de caos e instabilidade até hoje.

Síria  

Diferentemente do Afeganistão e Iraque, a intervenção à Síria não foi massiva nem de uma única vez. Desde 2014, os EUA realizam uma série de ações militares, e que duram até hoje, para combater o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que expandiu sua brutalidade no país.  

A atuação americana se dá por meio de ataques aéreos e pelo apoio a forças locais. Em alguns momentos, os EUA realizaram operações mais ostensivas. Em 2017 e 2018, quando Trump, em seu primeiro mandato como presidente, ordenou ataques de mísseis contra bases aéreas sírias em resposta ao uso de armas químicas pelo regime. 

A presença militar americana na Síria foi ampliada depois de ataques realizados pelo Hamas a Israel, em outubro de 2023, quando aumentaram as tensões no Oriente Médio. Em abril deste ano, os EUA anunciaram a redução pela metade de seu contingente militar para cerca de menos de mil soldados enviados.

Apesar da derrota territorial do EI, a intervenção dos EUA na Síria não resolveu o complexo conflito interno do país, que continua em andamento. No ano passado, insurgentes sírios tiraram do poder o ditador Bashar Al-Assad depois de mais de 13 anos de guerra civil e seu governo brutal. Atualmente, os EUA mantêm uma pequena presença de tropas no nordeste da Síria, para garantir que o grupo não se reorganize e para proteger os campos de petróleo da região.

A presença dessas tropas, no entanto, é frequentemente criticada pelo governo sírio, pela Rússia e pelo Irã, que a consideram uma ocupação ilegal.

Fonte: gazetadopovo

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