Pesquisadores da Universidade de SĂŁo Paulo criaram uma inteligĂȘncia artificial (IA) que detecta, em tempo real, animais selvagens que estĂŁo atravessando uma pista.
Os motoristas seriam avisados por notificação no computador de bordo do carro ou no celular, de forma semelhante aos alertas de engarrafamento e acidentes.
A estimativa Ă© que 475 milhĂ”es de animais sĂŁo atropelados por ano nas estradas do paĂs. AlĂ©m de salvar a vida de muitos bichos, esse sistema tambĂ©m pode proteger os prĂłprios motoristas.
Imagens da rodovia Â
Outros paĂses jĂĄ trabalham hĂĄ algum tempo na detecção da fauna silvestre com o uso de inteligĂȘncia artificial, mas os modelos feitos lĂĄ fora nĂŁo conseguem lidar com a nossa fauna.
Poucos também se preocupam em identificar animais nas estradas, o que é muito importante, jå que as condiçÔes de visibilidade nem sempre são boas.
Quando um carro bate em um animal grande, o risco para o motorista Ă© alto. Muitas vezes, ele nem tem tempo suficiente para evitar a colisĂŁo.
âNesse sentido, um sistema que use as prĂłprias cĂąmeras da rodovia, embarcado num computador portĂĄtil, tem um aspecto inovadorâ, explica um dos professores que assina o estudo, Rodolfo Ipolito Meneguette.
Banco de imagensÂ
Para criar a aplicação adequada Ă s espĂ©cies brasileiras, os pesquisadores reuniram um banco de dados de mamĂferos da fauna ameaçada no Brasil, com maior chance de serem atropelados.
Foram 1.823 fotos, livres de direitos autorais, baixadas da internet.
Quando necessĂĄrio, as imagens foram editadas para retirar âruĂdosâ, que poderiam atrapalhar a identificação das espĂ©cies, ou para fornecer uma diversidade de Ăąngulos que ajudasse na identificação.
Leia mais notĂcia boaÂ
Detecção rĂĄpidaÂ
Os pesquisadores experimentaram vĂĄrias versĂ”es da arquitetura YOLO (You Only Look Once, que significa âVocĂȘ Olha Apenas Uma Vezâ, em tradução livre).
Esse modelo de visĂŁo computacional tem sido muito usado para reconhecer objetos, inclusive animais silvestres.
Uma das grandes vantagens é que ele faz a detecção em apenas um estågio, o que é ideal para identificação em tempo real.
Sucesso em 80% dos casos
Os pesquisadores usaram vĂdeos de animais gravados no Parque EcolĂłgico de SĂŁo Carlos para testar o sistema.
Em futuras atualizaçÔes do banco de dados, planeja-se incluir imagens de animais obtidas em armadilhas fotogråficas e até mesmo em cùmeras de rodovias.
âDurante o dia, quando o animal estĂĄ claramente visĂvel, os modelos conseguiram identificar a espĂ©cie corretamente em 80% dos casosâ, disse outro participante do estudo, Gabriel Souto Ferrante.
Ă noite, com chuva e com o animal parcialmente escondido, ainda Ă© difĂcil fazer a identificação, mas esses pontos jĂĄ estĂŁo na lista dos pesquisadores para serem trabalhados.

Agora, os pesquisadores buscam parcerias com concessionĂĄrias de rodovias e prefeituras para testar o sistema em situaçÔes reais. â Foto: CustĂłdio Coimbra
Com informaçÔes da AgĂȘncia FAPESP.Â
Fonte: sonoticiaboa