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Influenciadores contratados para melhorar a imagem do governo Lula: quem são eles?

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Na mesma linha da estratégia já adotada pelo STF e pelo PT, o governo federal tem intensificado o investimento em influenciadores digitais para melhorar sua imagem e ampliar o alcance em diferentes públicos.

No segundo semestre, o governo Lula firmou parcerias com produtores de conteúdo de diversas regiões e estilos, mas que compartilham um objetivo em comum além de levar informação sobre os seus programas: exaltar a esquerda e criticar a direita –independentemente do contexto.

A estratégia tem levado a um investimento pesado em redes sociais. O Governo Federal é atualmente o maior contratante de impulsionamento de publicações sobre política na Meta (dona de Facebook e Instagram).

Em setembro, foram gastos R$ 8,4 milhões em anúncios, um aumento de 360% em relação aos R$ 4,7 milhões investidos nos 60 dias anteriores.

A oposição questiona a Secretaria de Comunicação (Secom) sobre o objetivo desse gasto, que coincide com a tramitação do projeto que isenta do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, é de informação pública ou de cunho eleitoral e de ataque a opositores.

Procurada pela Gazeta do Povo para esclarecer critérios, valores e datas dos contratos com os influenciadores, a Secom não retornou.

O perfil dos escolhidos

Entre os escolhidos, existem influenciadores que não falam de política. Com humor, contam sobre a cultura de onde vivem, seu dia a dia, compartilham arte e reflexões sobre relacionamento com humor e têm alcance em públicos específicos. É o caso do publicitário Paulo Victor “PV” Freitas e da atriz Isis Vieira e fazem graça sobre o Nordeste e o Norte, respectivamente.

Outros selecionam as polêmicas em destaque nos noticiários, geralmente de política e economia, e fazem vídeos comentando sobre esses temas num tom sério e analítico. Eles trazem informações, histórico e suas opiniões, mas não deixam claro que são de esquerda. Daquele que têm conteúdo político, a maioria já defendia o governo antes da parceria ou era crítico da direita.

Mas a conexão entre o governo e os influenciadores não se limita às publis, como são chamadas as publicações pagas nas redes sociais. Alguns desses produtores de conteúdo também fizeram ou fazem publicidade com a ICL Notícias (Instituto Conhecimento Liberta), um site independente com viés de esquerda.

A participação de influenciadores para falar bem das ações públicas vai além do digital. Em setembro, o ICL Notícias realizou a conferência “Desperta 2025 – A Revolução Necessária”, com a participação deles. E nesta última semana, parte da mesma marcou presença em um evento da Usina Binacional de Itaipu, promovido pelo governo federal.

Em linha com essa articulação, o STF, em agosto, convidou 26 influenciadores (a maioria de esquerda) para um encontro de dois dias em sua sede, em Brasília, resultando em elogios e selfies com ministros. Em outubro, o PT realizou o PTech, um seminário para “aprimorar a atuação do partido nas redes sociais”.

Conheça alguns dos influenciadores que o governo federal chamou para fazer campanha sobre os seus programas:

Lauany Schultz

Especialista em Direito do Estado e “te mantenho informada” são as informações da sua biografia no Instagram, onde tem 170 mil seguidores. Antes das publis, Lauany postava indicações de livros, estilo de vida e feminismo com algumas críticas ao governo anterior. Hoje é uma parceira da ICL e contratada para divulgar o Luz para Todos e o PL 1087/2025, que visa isentar do Imposto de Renda (IR) de quem ganha até R$ 5 mil.

Dois pontos de virada na sua trajetória digital foram a parceria com a ICL e uns vídeos criticando igrejas e influenciadores cristãos que “comercializam a fé”.

Lauany ganhou relevância nas redes sociais ao criticar cristão que usam a religião na internet. Seu primeiro vídeo a viralizar foi a respeito do devocional “Café com Deus Pai”, do pastor Júnior Rostirola, um dos vendidos no país. Ela também ironizou o fato de igrejas que usam nomes em inglês e do movimento Legendários, que são dois assuntos em alta.

Suas publicações são, geralmente, de apenas ela no vídeo explicando sobre o assunto do dia. Embora use uma fala articulada e firme, apresentando seus argumentos como análises neutras, ela comentou o julgamento de Bolsonaro em parceria com o ICL.

Em uma rara crítica a Lula sobre o comentário de que escolheu Gleisi Hoffmann por ser “bonita”, ela minimizou, dizendo que ele é “um senhor de 80 anos que às vezes acaba extrapolando, mas precisa se atualizar” e que, apesar da fala, respeita as mulheres.

2025 word3Lauany Schultz tem parcerias com o governo e com o ICL (Foto: Reprodução do Instagram lauanyschultz )

Carolline Sardá

Publicitária e ativista feminista brasileira, a catarinense de 28 anos produz conteúdo educativo e político sobre história e direitos da mulher. Com linguagem simples e acessível, seus posts iniciais eram mais relatos de mulheres anônimas ou conhecidas ou curiosidades.

Suas postagens não costumavam ser explicitamente políticas ou de esquerda, embora seu posicionamento seja alinhado às pautas progressistas, como pró-aborto, fim da escala 6×1 e contra a PEC da anistia – além de críticas à direita, Bolsonaro e Nikolas Ferreira.

De março para cá, Carolline mudou o formato e perfil. Começou a resumir e explicar as polêmicas “do dia” em vídeos. Depois dessa guinada, veio a parceria para falar sobre o Luz para Todos.

Em um dos seus posts, ela critica as bets, com legenda: “O objetivo ao usar as fotos de influenciadores que divulgaram casas de aposta era ilustrar como o marketing de influência funciona e a confiança que essas figuras públicas transmitem ao público que as segue”.

Laura Sabino

Criadora de conteúdo de esquerda e autodenominada marxista, Laura acumula 618 mil seguidores no Instagram para “tirar jovem do seio do liberalismo e colocar na teta de Marx (sic)”, como diz a descrição. Em seu canal, indica livros, opina sobre temas da conjuntura política, faz vídeos questionando discursos da direita e explica conceitos marxistas.

Ela é ferrenha defensora da “revolução cubana” e usa sua vivência de crescimento em assentamentos e dificuldades financeiras familiares em sua narrativa: “Cresci ouvindo minha mãe dizer o quanto era horrível desmaiar de fome”. Laura atribui seu acesso a oportunidades aos governos de Lula.

Em 2017, publicou uma foto com a seguinte pichação no muro “ei você mate o presidente (sic)” e o seguinte comentário: “SP sempre bem receptiva e certeira”.

Laura também tem parcerias com entidades de esquerda, como o MST de Minas Gerais e o Sindipetro do Espírito Santo, participou como influenciadora do Cria G20 e do G20 Social, e utilizou sua plataforma para apoiar propostas como as mudanças do IR.

2025 word3Post de 2017 da influenciadora Laura Sabino no Instagram (Foto: Reprodução/Instagram mylaura_m)

Thiago Foltran

O criador de conteúdo deixa claro que seu canal é de “políticas públicas da esquerda”, produzindo vídeos eloquentes e irônicos em defesa do governo e de Lula e em crítica à direita, especialmente ao deputado Nikolas Ferreira. Seu perfil sempre teve esta linha, antes mesmo da parceria com o governo para falar sobre o Luz para Todos e a isenção do Imposto de Renda.

Nas eleições municipais do ano passado, Foltran focou suas críticas aos candidatos da capital paranaense, Cristina Graeml, e de São Paulo, Pablo Marçal. Apesar de deixar clara a sua posição pró-Lula e governo, Foltran reprovou em uma das suas publicações um caso de nepotismo em Alagoas, em que o filho do presidente do PT teria recebido R$ 400 mil do partido.

Beatris Brantes

A atriz Beatris Brantes mesclava publicações de produções que participou, publicidades e vídeos de humor. Depois de tentar vários modelos, ganhou tração na internet com o viral “se eu fosse um cavalo, eu namoraria esse outro cavalo”. A relevância nas redes sociais lhe rendem publicidades para grandes marcas, como iFood, Bis e Itaú, inclusive com o STF.

Em um dos posts após a visita, Beatris respondeu a um comentário que perguntava se o ministro Alexandre de Moraes era cheiroso: “É sim, e digo mais. A careca dele é tão hidratada e aparentemente macia que o brilho que reluz dela não é de oleosidade, é de hidratação”.

Após a visita ao STF, Beatris publicou sua primeira publi com o governo sobre isenção do IR. Depois dessa do governo, ela respondeu uma outra pergunta, se ela seria amiga de Michelle Bolsonaro, a qual respondeu: “Eu prefiro nadar no Tietê de boca aberta”.

2025 word3A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, publicou em seu Instagram foto com Lauany Schultz, Betaris Bentes e Martina Giovanetti, entre outras influenciadoras, em um evento na Usina de Itaipu (Foto: Reprodução/Instagram Gleisi Hoffmann)

Martina Giovanetti

Estudante de Relações Internacionais na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Martina Giovanetti produz conteúdo sobre geopolítica, atualidades internacionais, economia e educação. Natural de Belo Horizonte (MG), ela usa uma linguagem simples e compreensível nas redes sociais sobre temas complexos, como o sistema eleitoral dos EUA, crises econômicas e o funcionamento do capitalismo.

Gosta de mostrar a sua caneca estampado com uma colagem de fotos dos presidentes Lula, Valdimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China). Seu trabalho nas redes sociais lhe rendeu um e-book sobre o Brics e um podacast, além das propagandas para o governo.

Ela começou a fazer seus vídeos em 2023, explicando situações internacionais, como guerra da Ucrânia, queimadas nos EUA e reuniões do Lula, com viés positivo para ele. Assim como os demais influenciadores, Martina também tem um histórico de simpatia ao governo e à Lula, e contra a gestão anterior.

Fonte: gazetadopovo

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