A produção brasileira de grãos cresce cerca de 10 milhões de toneladas ao ano, sendo necessários R$ 15 bilhões em investimentos em armazenagem anualmente para manter tal ritmo. O déficit de espaço para guardar a produção agrícola, segundo especialistas, está entre os fatores que impulsionam a inflação de alimentos no país e, principalmente, afetam a segurança alimentar.
Segundo o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini, atualmente entre 14% e 16% da capacidade estática de armazenamento de grãos no Brasil se encontra nas fazendas.
Entrevistado do programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (29), ele salienta que a dinâmica de liberação do crédito e a burocracia existente, que envolve desde liberação de licenças ambientais a questões envolvendo energia elétrica, é que “dá a impressão de que está sobrando dinheiro” na linha de investimento para a construção de armazéns, como tem sido pontuado pelo governo federal.
“Não falta demanda. Não falta produtor querendo armazém. O que acontece é que hoje há uma incapacidade do Plano Safra, no caso do PCA, chegar aos produtores. [O problema] pode ser no banco, nas regras do Conselho Monetário. Tem uma série de problemas que temos que ter um diagnóstico claro para isso e soluções”.
‘Armazenagem é um problema sério no Brasil’
A falta de capacidade estática de armazenagem no Brasil, segundo Paulo Bertolini, tem causado perdas não apenas para o setor produtivo, mas para toda a cadeia agroindustrial e até mesmo para a sociedade.
“Se você não tem espaço para carregar um estoque de uma safra para a outra, na entressafra diminui a oferta e os preços tendem a subir. Isso você percebe ao longo dos anos na flutuação de mercado”.
Paulo Bertolini, que também é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), lembra o histórico de milho a céu aberto, visto a falta de espaço nos armazéns.
“Isso a gente vê todos os anos, porque não tem espaço. Isso traz para a indústria um ônus que não deveria ser dela, porque se ela não tem fornecedores com capacidade de armazenagem para fornecer a ela cadenciadamente durante o ano todo, ela se vê obrigada a construir um armazém. Então, é um perde-perde na cadeia como um todo, em que essa perda começa lá na fazenda, mas ela vai levando para o custo Brasil”.
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Fonte: canalrural