O número de brasileiros com contas em atraso atingiu novo recorde em março de 2025, com 69,66 milhões de consumidores negativados — o equivalente a 42,01% da população adulta do país. O dado consta do Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, que mostram ainda um crescimento de 3,89% em relação a março do ano passado. Na comparação com fevereiro, o aumento foi de 1,54%.
Segundo a CNDL, trata-se do maior número já registrado na série histórica do levantamento, que considera informações de todas as unidades da federação. A situação financeira das famílias segue preocupante e exige cautela. “O momento é delicado. É preciso priorizar o pagamento das dívidas antes de assumir novos compromissos”, alertou o presidente da CNDL, José César da Costa.
O crescimento anual foi puxado principalmente pela inclusão de devedores com inadimplência entre 3 e 4 anos, que registraram alta de 43,97%. A faixa etária com maior número de negativados é a de 30 a 39 anos, com 17,25 milhões de pessoas — ou 50,79% dos adultos dessa idade. Em relação ao gênero, os devedores estão quase igualmente divididos: 51,06% são mulheres e 48,94% homens.
Cada inadimplente devia, em média, R$ 4.604,54 em março, considerando a soma de todas as dívidas. Em geral, essas pessoas tinham pendências com pelo menos 2,16 empresas diferentes. Apesar do valor médio elevado, 30,47% dos consumidores deviam até R$ 500, e 44,11% tinham dívidas inferiores a R$ 1.000.
O número de dívidas em atraso cresceu 6,95% em relação a março de 2024. De fevereiro para março, o avanço foi de 2,05%. O setor bancário foi o principal responsável por esse aumento, com alta de 10,83% nas dívidas. Já os setores de água e luz (-7,81%), comércio (-3,32%) e comunicação (-1,45%) registraram queda.
Atualmente, os bancos concentram 66,74% do total de dívidas em atraso no país. Em seguida vêm os setores de água e luz (9,87%), comércio (9,73%) e outros (8,02%).
Regionalmente, o Centro-Oeste apresenta o maior percentual de inadimplentes do Brasil: 45,91% da população adulta. Em contrapartida, o Sul tem o menor índice, com 37,59%. No que diz respeito ao aumento no número de dívidas, o Centro-Oeste também lidera, com crescimento de 12,75%, seguido pelas regiões Norte (6,92%), Sudeste (5,79%), Nordeste (5,38%) e Sul (4,71%).
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, o momento exige inteligência no uso do crédito. “É hora de trocar dívidas mais caras por outras com juros menores, não de fazer novas compras”, recomendou.
Fonte: cenariomt