Em meio à crise que paralisou os trabalhos no plenário da o presidente da Casa, (Republicanos-PB), rejeitou categoricamente qualquer possibilidade de acordo com a oposição para encerrar a obstrução iniciada por parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Esta presidência não negocia prerrogativa com oposição, governo, ninguém”, afirmou Motta ao chegar à Câmara nesta quinta-feira, 7. Segundo ele, a solução adotada foi a “menos traumática possível”, respeitando todas as lideranças partidárias.
Na noite de quarta-feira 6, a sessão marcada para 20h30 começou com quase duas horas de atraso e durou menos de 20 minutos. Sem votações, foi marcada pelo discurso de Motta e pela tensão com a oposição, que resistia a desocupar a mesa diretora. O presidente permaneceu em pé ao lado da cadeira da presidência por cerca de dez minutos até conseguir assumi-la.
Motta convocou uma nova sessão para esta quinta-feira, 7, e pediu que os manifestantes deixassem o local “com educação”. “Até para atravessar limites há limites”, disse o presidente da Câmara. “A oposição tem todo direito de se manifestar, mas dentro do nosso regimento.”

A movimentação para encerrar a obstrução envolveu lideranças do PL e de partidos de centro. Sóstenes Cavalcante e Altineu Cortês (PL-RJ) buscaram apoio de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, para convencer os deputados a deixarem a mesa.
Também participaram das articulações Antônio Britto (PSD-BA), Doutor Luizinho (PP-RJ) e o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) chegou a levar sua filha de 4 meses ao plenário e sentou-se à mesa da presidência, mas saiu ao perceber a chegada de Motta. Durante o dia, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciaram a realização de sessões para interromper os protestos iniciados depois da decretação de prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.
No Senado, Alcolumbre convocou uma sessão virtual para votar o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos.
“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à presidência do Senado”, afirmou Alcolumbre, em nota. “O Parlamento não será refém de ações que visem a desestabilizar seu funcionamento. Seguiremos votando matérias de interesse da população.”
No Senado, um grupo de parlamentares chegou a se acorrentar à mesa de trabalho. Para conter os protestos, a Câmara restringiu o acesso ao plenário a partir das 19h, autorizando apenas a entrada de parlamentares.
Parlamentares aliados de Bolsonaro pressionam pela anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, pelo fim do foro privilegiado e pela abertura de um processo de impeachment contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Em paralelo, lideranças governistas acusam a oposição de tentar transformar o Congresso em palco de desordem.
Sem citar diretamente a prisão de Bolsonaro, Hugo Motta reconheceu o clima de ebulição no Congresso: “Não vivemos tempos normais”, declarou. “Não podemos negociar a democracia nem colocar projetos individuais acima do que une todos nós: o povo brasileiro. Desta presidência, não terão omissão.”
Fonte: revistaoeste