Durante 40 anos, um prédio inacabado marcou a paisagem da Avenida do CPA, em Cuiabá. A torre redonda de 45 metros de altura, localizada entre a avenida e a rua Conselheiro Ênio Vieira, no bairro Consil, ficou conhecida como “hotel fantasma”.
O projeto original previa a construção de um hotel cinco estrelas, mas a obra nunca foi concluída. Abandonada, a estrutura virou abrigo de pombos e alvo de lendas urbanas. Para moradores da região, a espera foi longa.
“Todo dia passo por aqui e lembro dessa obra parada. É uma dúvida que sempre fica: quando vai ter um destino?”, comenta Jefferson, operador de empilhadeira.
A mesma sensação é compartilhada por Salete Salles, gerente administrativa que mora no bairro há sete anos. “Ruínas não assustam, elas cansam”, resume.
Agora, a promessa é de transformação. O prédio vai se tornar um espaço comercial. Segundo a arquiteta responsável pelo projeto, Christiane Belchior, a escolha foi voltada para outro perfil de mercado.
“Comercialmente, achou-se melhor transformar em salas comerciais. Serão 17 pavimentos, com restaurante, cinco lajes de 470 metros quadrados, além de salas de 90 a 200 metros quadrados. Cada espaço poderá abrigar cerca de 20 pessoas”, detalha.
O pesquisador Ricardo Castor lembra que a obra nunca foi embargada. “Era um projeto ousado. A estrutura tem um núcleo central que comporta os elevadores e corredores circulares, fugindo do padrão de corredores longos. Os apartamentos tinham formato de pizza e o prédio lembra um catavento”, explica.
Para a arquiteta Karen Takashima, a retomada é positiva. “Traz nova vida para a região, não só para o edifício, mas para o entorno como um todo.”
Segundo Christiane, a obra vai preservar a essência da arquitetura original. “Não dá para simplesmente jogar uma tinta. Vamos tratar o concreto e mantê-lo aparente. É um gigante que estava adormecido e agora está acordando”, afirma.
O início das obras está previsto para 2026, com término em 2029.
De “hotel fantasma” a centro comercial, a torre que nunca recebeu hóspedes pode se tornar exemplo de que nem toda ruína precisa ruir.
Confira no vídeo abaixo:
Fonte: primeirapagina
