Sophia @princesinhamt
Ciência & Saúde

Homem sobrevive com coração de titânio por 105 dias antes de transplante: incrível história de superação!

2025 word2
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Pela primeira vez na história, uma pessoa saiu andando de um hospital sem um coração. Quer dizer, o órgão ainda estava ali, bombeando sangue para o corpo inteiro. A diferença é que não era um coração humano e, sim, um de titânio. Por mais de 100 dias, o paciente australiano viveu sua vida normalmente, relatando uma melhora na qualidade de sua saúde enquanto esperava por um doador compatível para um transplante.   

Para entender como chegamos nesse cenário, é preciso voltar para o começo do milênio, em 2001. Foi quando Daniel Timms, um engenheiro biomédico, teve a ideia do coração de titânio. Com alguns rascunhos em mente, Timms usou tubos e válvulas de lojas de ferramentas para imitar o sistema circulatório. 

O biomédico, um australiano de Brisbane, teve uma motivação mais pessoal para a criação do coração: naquele mesmo ano, seu pai, Gary Timms, um encanador, passou por um ataque cardíaco. Pai e filho iniciaram o projeto juntos. Daniel tinha esperança de desenvolver o protótipo a tempo de salvar o pai. 

O projeto levou 25 anos para ser aperfeiçoado – e ainda deve passar por milhares de ajustes – até que se tornasse o BiVACOR, apelido que o coração de titânio recebeu. 

Seu funcionamento exige pouco: depende de apenas uma única parte móvel, sem a necessidade de uma válvula. A parte móvel é um rotor de levitação magnética, que gira entre duas câmaras sem nunca entrar em contato com a estrutura de titânio, eliminando assim o risco de corrosão gradual ou mau funcionamento.

Um pequeno vazamento ao redor do disco flutuante ajuda a limpar o mecanismo, prevenindo a formação de coágulos perigosos. Embora a necessidade de um fluxo sanguíneo pulsátil ainda seja debatida, o BiVacor pode gerar um pulso ajustando a velocidade do disco. Além disso, ele se adapta dinamicamente à rotina do paciente, ajustando seu bombeamento conforme a atividade física, algo inédito entre corações artificiais.

Os primeiros testes aconteceram no ano passado, quando cinco pacientes receberam, com sucesso, o BiVACOR. Eles permaneceram até seis semanas com o coração – sempre no hospital. No caso recente, o paciente (que não quis ser identificado) passou 105 dias com o aparelho, e parte desse período foi feito em casa. Hoje, já com um coração definitivo, o paciente passa bem. 

O dispositivo pesa um pouco mais de meio kg, peso similar a um coração humano. Seu tamanho é ideal para caber nas caixas torácicas de mulheres, homens e crianças a partir dos 12 anos.

Atualmente, o coração de titânio é recarregado por uma peça externa conectada por um fio que corre pelo peito do paciente. Durante o dia, pode ser usado apenas com baterias, que devem ser trocadas a cada quatro horas, e deve ser recarregado em uma tomada à noite. Timms trabalha para mudar isso, buscando o fim das baterias externas e um carregador por indução e portátil que possa ser colocado sobre o peito do paciente.

Gary Timms, o pai do engenheiro biomédico que desenvolveu o coração, morreu alguns anos após o início do desenvolvimento do BiVACOR, decorrente de sequelas da parada cardíaca que teve. O luto pelo pai motivou Daniel Timms.

A insuficiência cardíaca, condição em que o coração não consegue bombear sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo, afeta mais de 64 milhões de pessoas em todo o globo. No Brasil, os problemas cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes por ano, o que equivale a um óbito a cada 90 segundos. É a doença que mais mata no mundo.

Por mais que os testes tenham sido um sucesso, ainda há um longo caminho a ser percorrido antes que os corações de titânio cheguem ao público geral. Além disso, o BiVACOR é pensado para ser uma solução de curto prazo para pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca. Mas, algum dia, os especialistas esperam que ele possa se desenvolver em uma opção mais permanente.

Para o jornal The Atlantic, Timms diz que a invenção é tanto para os pacientes, quanto para seus familiares. Quando questionado se o coração BiVACOR teria salvado seu pai, disse que “teria sido uma aplicação perfeita.”

Fonte: abril

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.