O Hezbollah vive uma crise sem precedentes. Sem o financiamento do Irã e sem a liderança de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah por mais de três décadas, a organização terrorista entrou em colapso, que atinge suas bases militar, política e social. Os financiamentos mensais aos combatentes foram reduzidos, indenizações estão bloqueadas e benefícios como assistência médica, educação e apoio social foram suspensos.
Fontes libanesas, entre elas o Sawat Beirut, revelam retração severa nos recursos, conforme relata o Israel Hayom. A entidade Al‑Qard Al‑Hassan interrompeu a cobertura das mensalidades escolares dos filhos de extremistas mortos, um custo de dezenas de milhões de dólares por ano. Mesmo em Dahiyeh, reduto histórico em Beirute, obras de reconstrução estão paralisadas por falta de pagamentos a empreiteiras.
Para dificultar ainda mais, qualquer tentativa de o grupo terrorista iniciar a reestruturação tem sido bloqueada. Israel se mantém atento a qualquer movimento neste sentido.
Nesta quinta-feira, 31, por exemplo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) realizaram ataques aéreos contra a infraestrutura de fabricação e armazenamento de “armas estratégicas” do Hezbollah no sul do Líbano e no Vale do Beqaa Oriental.
Entre os alvos, confirmam as FDI, estavam uma instalação usada para a produção de explosivos e um local subterrâneo para construção e armazenamento de mísseis guiados de precisão. O Hezbollah tentava restaurar esses locais.
A crise atual do grupo começou em 27 de julho de 2024, quando um foguete lançado pelos terroristas a partir do Líbano atingiu uma quadra esportiva em Majdal Shams, nos Altos do Golã, matando 12 crianças e ferindo dezenas.
Em 30 de julho de 2024, três dias depois, um ataque aéreo israelense contra Dahiyeh eliminou Fu’ad Shukr, comandante de alto escalão do Hezbollah, considerado responsável por aquele ataque. O funeral oficial foi realizado em 2 de agosto de 2024, com a confirmação da morte pela liderança do grupo.
Depois de sua morte, uma série de ações revelou que o Hezbollah estava completamente exposto aos serviços de inteligência de Israel. Uma operação sigilosa que se estendeu por quase duas décadas permitiu que bunkers, centros de comando, comunicações e arsenais fossem rastreados com precisão.
Cerca de um mês e meio depois da morte de Shukr, explosões coordenadas com dispositivos ocultos causaram centenas de mortes e incapacitaram muitos militantes. O impacto psicológico foi devastador. Wafiq Safa, chefe da unidade de ligação da organização, relatou: “Foi o fim do mundo para ele”, referindo-se ao colapso emocional de Nasrallah.
Em 27 de setembro de 2024, Nasrallah foi morto em um ataque aéreo israelense contra o quartel-general do Hezbollah em Dahiyeh, no subúrbio de Beirute. As Forças de Defesa de Israel lançaram mais de 80 bombas bunker-buster, destruindo prédios residenciais e matando pelo menos seis pessoas, além de dezenas de feridos.
Na manhã seguinte, em 28 de setembro de 2024, Israel declarou sua morte, e o Hezbollah a confirmou oficialmente. Seu corpo foi retirado dos escombros e enterrado em local não divulgado.
O funeral ocorreu em 23 de fevereiro de 2025, no Estádio Camille Chamoun, em Beirute, e reuniu entre 450 mil e 1,4 milhão de pessoas. Também foi enterrado Hashem Safieddine, que assumira a liderança e fora igualmente assassinado em outubro de 2024.
Líder do Hezbollah não quer desarmamento
A morte de Nasrallah agravou a crise interna do . Sem recursos iranianos, fortemente reduzidos ao longo de 2024, e com atrasos logísticos e bloqueios no envio de fundos, o grupo enfrenta dificuldades financeiras extremas.
A derrocada do regime de Assad na Síria e o controle apertado sobre o ingresso de dinheiro iraniano em solo libanês, sob pressão dos , pioraram ainda mais a situação.
A organização sofre ainda pressão diplomática crescente. Estados Unidos e países do Golfo condicionam auxílio internacional ao desarmamento, exigindo que todas as armas passem ao controle estatal.
Naim Qassem, sucessor de Nasrallah, rejeita o desarmamento, mas é visto internamente como fraco e sem liderança carismática. Internamente, cresce a tensão por mudanças urgentes.
A prioridade de Qassem tornou-se a sobrevivência política, a qualquer custo. Israel explora essa fragilidade e vem neutralizando ações do Hezbollah quase diariamente, mesmo depois da trégua formal.
Fonte: revistaoeste