Em 2023, o conjunto de caminhos da época do Império chamado de Estrada Real foi reconhecido pelo governo federal como monumento nacional. As rotas abertas no século 17 pela coroa portuguesa para ligar o litoral fluminense a áreas de mineração compõem o que é hoje a maior rota turística do Brasil, com 1.630 quilômetros de extensão.
O trajeto é dividido em quatro caminhos: Caminho Velho, Caminho dos Diamantes, Caminho do Sabarabuçu e Caminho Novo. A Estrada Real passa por mais de 150 municípios e distritos, permitindo aos visitantes conhecer mais das histórias da região e do legado cultural dessas rotas.
Conheça os diferentes caminhos e atrações da Estrada Real.
Caminhos da Estrada Real percorre pontos do auge da mineração
O trecho mais antigo da Estrada Real é o Caminho Velho, com 710 km de extensão. Também chamado de Caminho do Ouro, foi o primeiro trajeto oficializado pela Coroa Portuguesa para ligar a região produtora de ouro no interior de Minas aos portos do litoral fluminense. A via foi aberta no século 17 e vai de Ouro Preto até Paraty.
A maior parte do caminho é de estrada de terra, com uma parte menor de asfalto e outra ínfima trilha que passa por localidades do interior mineiro repletas de tradições e heranças gastronômicas. Alguns dos destaques são Ouro Preto, Tiradentes, São João del-Rei, Carrancas e Itamonte.
Algumas das atrações interessantes por lá são as construções históricas e as igrejas barrocas. Se quiser poupar um pouco o carro, há um divertido passeio de maria-fumaça entre Tiradentes e São João del-Rei.

Já o Caminho dos Diamantes foi criado para conectar Ouro Preto a Diamantina, que na época era a principal cidade de exploração de diamantes. O caminho tem 395 km com partes asfaltadas e em estrada de terra que podem ser percorridas em aproximadamente 8 dias de bicicleta, se você for aventureiro.
Alguns dos trechos asfaltados ou com trilha incluem as cidades de São Gonçalo do Rio das Pedras, Conceição do Mato Dentro, Bom Jesus do Amparo e Mariana. As belezas naturais são o grande atrativo com percursos que passam por dentro da Serra do Espinhaço.
Trilhas percorrem atrações históricas e culturais
O Caminho do Sabarabuçu, por sua vez, nasceu a partir de uma história curiosa. Os viajantes do Caminho Velho avistaram um ponto brilhante no topo da Serra da Piedade, que acreditaram ser uma mina de ouro. Para chegar lá, abriram uma rota alternativa entre Ouro Preto e Barão de Cocais, mas ao atingir o destino descobriram que o que refletia a luz do Sol era, na verdade, minério de ferro.

O trajeto de 160km segue a margem do rio das Velhas e é dividido em 6 trechos de trilhas e estradas de terra pelas cidades de Morro Vermelho, Sabará, Raposos e Honório Bicalho.
A rota oferece atrativos históricos, culturais e naturais, com destaque para o Santuário Basílica de Nossa Senhora da Piedade, dedicado à padroeira de Minas Gerais e instalado a mais de 1700 metros de altitude na divisa entre Caeté e Sabará. O Santuário é tombado pelo IPHAN e marca o ponto de partida do Caminho Religioso da Estrada Real (CRER), que liga a basílica à cidade de Aparecida (SP).
Por fim, o Caminho Novo foi a última rota da Estrada Real a ser aberta e foi criada como uma alternativa mais rápida e segura em relação ao Caminho Velho. Mesmo sendo o mais jovem dos quatro, o caminho guarda muitos elementos do auge da mineração, como túneis e fazendas. A maioria das construções do período foram transformadas em pousadas e hotéis recheados de história.

O Caminho Novo tem 515 quilômetros e a maior parte do trecho é de estrada de terra ou de asfalto, passando por cidades como Itatiaia, Conselheiro Lafaiete e Santos Dumont. Nesta localidade, por exemplo, é onde fica a Casa de Cabangu, onde Alberto Santos Dumont nasceu e cresceu. Situada na Fazenda Cabangu, no local funciona um museu com objetos pessoais, documentos históricos e réplicas que ajudam a contar a história de Santos Dumont e suas contribuições para o Brasil e a aviação.
Roteiro: cidades históricas no Caminho Velho da Estrada Real
Fonte: viagemeturismo