Educação

Guia completo para a educação ideal dos nossos filhos: dicas essenciais para pais

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Quando confiamos nossos filhos à escola pública, esperamos algo básico: que eles aprendam de verdade e sejam preparados para o futuro. Parece simples, mas, para milhões de crianças oriundas de famílias mais vulneráveis, o Estado brasileiro começa a falhar já no início da jornada, uma vez que quase metade dos alunos chega ao 3º ano sem dominar a leitura e a escrita. É apenas o começo de uma trajetória de fracasso pedagógico e de violação de um direito constitucional — e aqui isso não é uma opinião, mas um diagnóstico compartilhado por diferentes especialistas.

A educação brasileira enveredou por um mau caminho quando o foco se deslocou da aprendizagem do estudante para disputas internas e a defesa de modelos pedagógicos que, em vez de fortalecer a escola, acabaram por fragilizá-la. A partir dos anos 1990, ganhou força uma agenda corporativista, centrada em reivindicações de categoria e no financiamento do sistema, mas sem a devida conexão com os resultados obtidos em sala de aula.

A adoção de determinadas correntes pedagógicas transformou a escola em espaço de experimentação teórica, afastando-a de sua missão primordial: ensinar

O resultado foi o enfraquecimento do professor como autoridade no processo educativo e a perda de consistência no currículo, que se tornou alheio à vida prática, às demandas do século XXI e às habilidades essenciais para o nosso cotidiano. Para completar, a burocracia tomou o lugar dos resultados: avalia-se o processo, mas ignora-se o produto final, que é a aprendizagem.

O ensino efetivo — quando todos ou praticamente todos os alunos aprendem o que foi proposto — só se tornará comum na rede pública no dia em que tivermos um currículo claro, avaliação permanente, formação inicial de qualidade e continuada para os membros da carreira docente, infraestrutura adequada e uma gestão escolar voltada para o aprendizado.

Outra missão essencial é devolver o respeito ao professor. Um modelo, enfim, que valorize quem ensina, exija resultado e coloque o aluno em primeiro lugar. Sem slogans ideológicos e com foco em evidências comprovadas. O famoso básico bem feito.

Em Porto Alegre, temos buscado implementar essa visão em nossa rede municipal. Recentemente, reduzimos em mais de 40% o déficit de vagas na educação infantil, estruturamos e priorizamos a política de alfabetização e criamos 400 novos cargos efetivos de professores.

Também modernizamos o ingresso na carreira docente, incluindo prova didática e avaliação psicológica, para garantir que cada novo professor esteja preparado para os desafios da sala de aula. Resolve imediatamente? É evidente que não. Mas são passos concretos para melhorar a qualidade do ensino no médio prazo.

A receita existe — e é partilhada por diversos especialistas. O problema é verificado no dia a dia de qualquer escola pública. Isso, entretanto, não torna as coisas mais fáceis para quem quer mudar a realidade. Debates acalorados sempre existem; afinal de contas, muitos preferem preservar o status quo, mantendo regras que não funcionam e trocando eficiência por retórica.

Nossa resposta a isso é simples: resultados. A educação pública pode voltar a encantar. Pode deixar de ser sinônimo de ineficiência para se tornar protagonista em um processo de desenvolvimento econômico e social do Brasil. Pode ser o lugar onde talento e esforço sejam reconhecidos — de alunos e de professores.

Como prefeito que fui durante oito anos em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e como secretário de Educação da capital gaúcha agora, peço aos educadores e gestores sempre uma coisa: compromisso. Compromisso com as crianças, compromisso com as famílias, compromisso com a escola pública e com o futuro. Compromisso com o Brasil.

Leonardo Pascoal é secretário de Educação de Porto Alegre.

Fonte: gazetadopovo

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