Em sua sustentação oral no julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro e outros sete acusados rĂ©us por suposta tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da RepĂșblica, Paulo Gonet, falou em âatos golpistasâ que âcausaram episĂłdios assombrososâ.Â
Segundo Gonet, o ex-presidente teria formado, com âoutros civis e militares, organização criminosa que tinha como objetivo gerar açÔes que garantissem a sua continuidade no poder, independentemente do resultado das eleiçÔes de 2022â.
O PGR alegou que o suposto ânĂșcleo crucialâ para a tentativa de âgolpeâ teria âestimulado e realizado atos tipificados na legislação penal de atentado contra a existĂȘncia e independĂȘncia dos Poderes e o Estado DemocrĂĄtico de Direitoâ.
âOs delitos descritos na denĂșncia nĂŁo sĂŁo de ocorrĂȘncia instantĂąneaâ, argumentou. âEles compĂ”em uma cadeia de acontecimentos articulados para que, por meio da força ou da sua ameaça, o presidente da RepĂșblica, Jair Bolsonaro, nĂŁo deixasse o poder, ou a ele retornasse, contrariando o resultado das eleiçÔes.â
De acordo com a denĂșncia da PGR, a suposta trama golpista teria se iniciado antes mesmo do calendĂĄrio eleitoral: âA partir de 2021, o presidente da RepĂșblica proferiu discursos em que adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucionalâ.Â
Gonet justificou que Bolsonaro se mostrava âdescontente com decisĂ”es de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrĂŽnico em vigorâ. âA escalada ganhou impulso mais notĂĄvel quando Luiz InĂĄcio Lula da Silva se tornou elegĂvel, e o cenĂĄrio das pesquisas eleitorais se mostrou a ele inclinadoâ, acrescentou.

âEm julho de 2022, aconteceu outra etapa da execução do plano de golpe. O presidente da RepĂșblica convocou uma reuniĂŁo ministerial para concitar ataques Ă s urnas e Ă difusĂŁo de notĂcias infundadas sobre o seu adversĂĄrio mais temido. Na reuniĂŁo, falou-se inequivocamente em âuso da forçaâ como mĂ©todo a ser implementado. TambĂ©m no mesmo mĂȘs, o presidente da RepĂșblica convocou embaixadores e representantes diplomĂĄticos para verbalizar acusaçÔes sobre fraudes no sistema de votação â todas elas jĂĄ, desde logo, mostradas erradas e maliciosasâ, argumentou Gonet.
Ao sustentar sua acusação, o procurador-geral da RepĂșblica disse que, a partir de 2022, Bolsonaro teria tentado âminar a credibilidade do provĂĄvel resultado eleitoral desfavorĂĄvelâ e âdesejava provocar sentimento de indignação e revolta nos apoiadoresâ.
âA organização criminosa esbanjava acusaçÔes falsas, mirabolantes e manipuladoras nas redes sociais e meios de comunicaçãoâ, declarou. Gonet citou que o grupo teria produzido âmanuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagem reveladores da marcha da ruptura da ordem democrĂĄticaâ, alegou.

O PGR disse que os acusados teriam estruturado, no PalĂĄcio do Planalto, âataques Ă s instituiçÔes, com vistas Ă derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrĂĄtica, seguindo plano que recebeu o sinistro nome de âPunhal Verde-Amareloââ.
âO plano se desdobrou em minuciosas, requintadas e perniciosas etapas. Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser âneutralizadoâ e cogitava da eliminação do presidente da RepĂșblica eleito. O plano contemplava emprego de meios explosivos, instrumentos bĂ©licos e venenoâ, justificou.
Por fim, o procurador-geral afirmou, mais uma vez, que as manifestaçÔes de 8 de janeiro de 2023 teriam ocorrido depois de ter sido âfomentado e facilitado pela organização denunciadaâ [sic].
Fonte: revistaoeste