Quando a porta se abre e o dono entra em casa, alguns gatos respondem com um concerto de miados, ronronados e sons agudos. Segundo um novo estudo conduzido por pesquisadores da Ankara University, na Turquia, esses cumprimentos parecem ser mais intensos quando o tutor é homem.
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A pesquisa analisou vídeos gravados por 31 donos de gatos, que registraram as reações de seus animais nos primeiros 100 segundos após retornarem para casa. Dos tutores participantes, 13 eram homens e 18 eram mulheres.
O resultado foi claro: gatos de tutores homens emitiram, em média, 4,3 vocalizações nesse curto período. Já aqueles cujas tutoras eram mulheres produziram uma média de 1,8 sons. A diferença foi considerada significativa — e não variou de acordo com idade, sexo ou raça dos gatos.
“Os resultados mostraram que os gatos vocalizaram com maior frequência em direção a cuidadores do sexo masculino, enquanto nenhum outro fator demográfico teve efeito claro sobre a duração ou a intensidade das saudações”, escreveram os autores no artigo científico publicado na revista Ethology.
Além dos miados, os pesquisadores observaram 22 tipos diferentes de comportamento, incluindo bocejos (frequentemente associados ao estresse em felinos), movimentos de cauda, esfregar-se nas pernas dos donos, coçar-se e sacudir o corpo. Curiosamente, apenas as vocalizações variaram de acordo com o sexo do tutor.
Os cientistas identificaram dois grupos principais de comportamentos que costumavam aparecer juntos: os chamados comportamentos sociais — como andar com o rabo erguido e roçar-se nos donos — e os chamados comportamentos de deslocamento, como se coçar ou sacudir o corpo. Os miados, porém, não se encaixaram diretamente em nenhum desses padrões, sugerindo que os gatos usam a vocalização como uma estratégia independente.
Por que, então, os gatos “falam” mais com homens?
Os pesquisadores sugerem algumas hipóteses: mulheres tenderiam a demonstrar mais atenção aos gatos, seriam mais habilidosas em interpretar sinais emocionais dos animais e, com mais frequência, imitariam sons felinos.
Já os homens, em média, poderiam ser mais distraídos ou menos responsivos, o que levaria os gatos a aumentar o volume de sua “voz” para serem notados.
“É possível que cuidadores do sexo masculino precisem de vocalizações mais explícitas para perceber e responder às necessidades de seus gatos, o que acaba reforçando esse comportamento nos animais”, escreveram no artigo. Embora o estudo tenha sido conduzido com um número relativamente pequeno de participantes — todos de um mesmo país — ele se destaca por usar registros em vídeo, e não apenas relatos dos donos, o que dá mais solidez às observações.
As conclusões reforçam a ideia de que os miados não são apenas ruídos aleatórios, mas ferramentas de comunicação refinadas, usadas pelos gatos para atrair atenção, pedir afeto ou expressar desconforto. Longe de serem indiferentes, como muitas vezes se imagina, os gatos parecem adaptar seu comportamento de acordo com quem está do outro lado da porta.
Fonte: abril






