A palavra, em sua essĂȘncia, carrega o peso dos sĂ©culos. Desde os primeiros rabiscos nas cavernas atĂ© as mais modernas plataformas digitais, a expressĂŁo humana foi veĂculo de revoluçÔes, reformas e resistĂȘncia. Contudo, quando o poder decide suprimir a palavra, a histĂłria tem nos mostrado que o silĂȘncio imposto reverbera como um grito de socorro. No Brasil atual, vivemos tempos sombrios, nos quais a censura ganha novos contornos, e o verbo, outrora livre, Ă© aprisionado pelo martelo que deveria defender a liberdade.
Nesse sentido, assistimos com inquietação aos movimentos recentes dos ministros do , que, em nome de um suposto equilĂbrio social, interferem nas vozes que ousam questionar o statu quo. Entre decisĂ”es controversas e ordens judiciais que limitam a circulação de informaçÔes e opiniĂ”es, surge uma reflexĂŁo necessĂĄria: a quem serve o silĂȘncio?
Em paĂses onde o silĂȘncio Ă© a regra, o passado e o presente se entrelaçam em histĂłrias de dor. Na , a Grande Muralha digital separa seus cidadĂŁos de um mundo de pluralidade de ideias. Na RĂșssia, crĂticas ao governo sĂŁo tratadas como atos de traição. Em Cuba, jornalistas independentes sĂŁo perseguidos, e, na Coreia do Norte, o simples ato de pensar diferente Ă© uma sentença de morte. Em todos esses lugares, o silĂȘncio Ă© a maior prisĂŁo.
Nosso paĂs, que jĂĄ sofreu com o peso da censura durante os anos de ditadura, volta a flertar com a supressĂŁo da . A censura, seja ela imposta por governos autoritĂĄrios ou por instituiçÔes democrĂĄticas que extrapolam seus limites, sempre carrega o mesmo resultado: sufocar o debate, a criatividade e, principalmente, a verdade. Ă como apagar as estrelas para negar a existĂȘncia da noite.
à necessårio lembrar que a liberdade de expressão é a primeira linha de defesa de uma sociedade justa e próspera. Quando se cerceia o direito ao desacordo, coloca-se em xeque o próprio fundamento de uma democracia saudåvel. O argumento de que certas palavras são perigosas ou incitam ódio é uma armadilha. Hoje, censura-se uma ideia; amanhã, censura-se toda uma geração.
O Brasil, com sua diversidade e complexidade, nĂŁo pode se permitir calar diante das investidas contra a liberdade. Precisamos aprender com as liçÔes dos paĂses que, sob a bandeira de regimes totalitĂĄrios, sufocaram suas prĂłprias vozes atĂ© que o silĂȘncio se tornasse ensurdecedor. O poder, quando nĂŁo contestado, tem a tendĂȘncia de esquecer sua verdadeira função: servir ao povo, e nĂŁo o controlar.Â
Que a liberdade seja sempre nossa estrela-guia, e que nunca nos esqueçamos de que o silĂȘncio imposto Ă© o maior inimigo da verdade. Afinal, como jĂĄ dizia a poeta CecĂlia Meireles: âLiberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que nĂŁo hĂĄ ninguĂ©m que explique, e ninguĂ©m que nĂŁo entendaâ.

Fonte: revistaoeste