O Festival Obon é um dos eventos mais importantes da cultura japonesa, com rituais e tradições que remontam a mais de 500 anos.
Combinando elementos do budismo e do xintoísmo, o festival é dedicado a honrar os espíritos dos antepassados, em um evento similar ao que ocorre em outras partes do mundo, como o Dia dos Mortos, no México, ou o Halloween, nos Estados Unidos.
No Japão, a festa é celebrada de 13 a 15 de agosto na maior parte do país, mas algumas regiões celebram em julho, a depender do calendário.
Saiba mais sobre as origens do Obon e as tradições celebradas durante o festival.
O que é o Festival Obon?
No Japão, os dias de Obon rivalizam em importância com o Ano Novo e a Semana Dourada, que acontece no fim de abril e no início de maio, quando ocorrem quatro feriados nacionais. Embora não seja um feriado nacional, muitos comércios fecham nesse período e algumas empresas dão folga aos funcionários.
As origens do festival são incertas. Uma das mais difundidas diz que tudo começou com um discípulo de Buda chamado Maha Maudgalyayana, mais conhecido como Mokuren, que ganhou poderes sobrenaturais e os utilizou para ver o espírito da mãe falecida.
Assim, Mokuren descobriu o quanto ela sofria no Reino dos Fantasmas Famintos. Para libertar a mãe do sofrimento, Buda aconselhou o discípulo a realizar oferendas e rituais em homenagem aos espíritos.
Mokuren acatou o pedido e, com as oferendas, conseguiu libertar a mãe. Ao celebrar o feito dançando de alegria, ele teria dado origem à tradição do Bon Odori, uma dança folclórica tradicional em homenagem ao espírito dos mortos – que rendeu, inclusive, festivais análogos em lugares distantes, como por exemplo o Bon Odori, em Salvador.
No arquipélago japonês, a história evoluiu através do tempo para o Festival Obon, uma época em que as famílias japonesas prestam homenagens aos seus ancestrais falecidos.
O que acontece durante o Festival Obon?
Hoje em dia, as celebrações do Obon acontecem em todo o país e variam um pouco de acordo com cada região e seus costumes locais. Durante o período das festividades, acredita-se que os espíritos façam uma breve visita ao mundo dos mortais e, para isso, são realizados rituais para garantir a sua segurança no trajeto de ida e volta.
Famílias japonesas costumam se reunir em sua cidade natal, visitam túmulos e depositam oferendas. A mais comum é chamada de shōryōma, feita de berinjela (que representa uma vaca) e pepino (que representa um cavalo), para que os ancestrais venham rapidamente usando o cavalo e retornem lentamente para o mundo espiritual cavalgando uma vaca.
No início do Obon, as famílias acendem uma pequena fogueira na frente de suas casas, chamada de Mukaebi, ou “fogo de boas-vindas”. Também é comum acender lanternas de papel a fim de orientar os espíritos para chegar até as residências.
O grande momento da festa são as danças do Bon Odori, com dançarinos em trajes tradicionais e músicas ao som de tambores taiko que dão as boas-vindas aos ancestrais. Cada região do Japão tem seu próprio estilo para essa celebração.
No último dia de festival, as famílias acendem o Okuribi, o “fogo de despedida”. Para marcar o fim da visita e guiar os antepassados de volta ao mundo espiritual, lanternas de papel são acesas com fogo e depositadas nos rios ou no mar, em uma cerimônia conhecida como Toro Nagashi, ou cerimônia das lanternas flutuantes.
Além de um evento religioso, o Obon acaba sendo um momento de reunião familiar e muitas viagens para o interior do Japão. Pelo fato de que as as famílias costumam visitar as cidades dos seus antepassados, o fluxo costuma ser intenso em aeroportos e estações de trem nos dias anteriores e após as datas da festa.
Fonte: viagemeturismo
