Ao , Bruno Rist, de 30 anos, conta que ele, a irmã Paula, de 27, a mãe Marta, de 60, e o pai Marcos, de 62, agora estão em Barra do Garças. A família já passou por alguns pontos turísticos como Chapada dos Guimarães, Jaciara, Campo Novo do Parecis e Primavera do Leste. “Mato Grosso era um estado que a gente não conhecia, e viemos com boas expectativas. Mas o que encontramos superou tudo”.
Se para muitos turistas o estado se resume à Chapada dos Guimarães, ao Pantanal Norte e às águas de Nobres, para o Rolê Família, Mato Grosso revelou surpresas que hoje ocupam o topo da lista dos lugares mais bonitos que já visitaram no país.
“Ficamos completamente encantados com Barra do Garças e Vila Bela da Santíssima Trindade. São paraísos de águas cristalinas e cachoeiras belíssimas, com uma beleza muito ímpar. Para nós, esses dois lugares foram o ponto alto do estado”.
Em Vila Bela da Santíssima Trindade, eles gravaram no Cânion do Jatobá, descrito por Bruno como um local de “beleza absurda”. “Quando bate a luz na água fica um azul que brilha no olho”, derrete-se o influenciador. Já em Barra do Garças, um dos pontos altos foi o Santuário das Araras.
“É um lugar mágico, você vê aqueles paredões de arenito, as araras sobrevoando sua cabeça e duas nascentes, é mágico mesmo. São dois destinos [Vila Bela e Barra do Garças] que não se limitam só aos atrativos principais, você consegue montar roteiros de 10 ou 15 dias, vai ter coisa para fazer e descobrir. Para gente foi o ponto alto de Mato Grosso”.
O olhar da família de viajantes reforça algo que muitos mato-grossenses já sabem sobre o turismo regional, mas que ainda falta chegar ao turista médio: o estado é gigante em território, diversidade de paisagens e potencial turístico. No entanto, paisagens como as de Vila Bela da Santíssima Trindade e Barra do Garças ainda estão invísiveis nas vitrines das agências e roteiros de grandes influenciadores.
“Gostamos muito da Lagoa Azul de Primavera do Leste, da visão do Morro da Mesa em Jaciara, das cachoeiras em Campo Novo do Parecis, o Vale do Chico em Jaciara também, a Cidade de Pedra na Chapada dos Guimarães, local maravilhoso com uma vista incrível das formações de arenito. Mato Grosso tem muita coisa e tenho certeza que ainda tem muito mais para encontrar, pelo que a gente conversa com as pessoas e com os guias, eles vão citando alguns locais que ainda não estão abertos por questão de plano de manejo e de organização turística. Acho que o turismo aqui tem só a se desenvolver”, elogia Bruno.
Durante a passagem por Vila Bela da Santíssima Trindade, eles também experimentaram o Canjinjin, bebida tradicional feita por descendentes de quilombolas da região. “É uma bebida que quanto tu toma, tu conversa com um nativo ali da região, ele te conta sobre os quilombos, o Rei do Congo, deixa um gosto ainda melhor sentir a história que a bebida carrega”.
O Rolê Família nasceu em 2018, inspirado por criadores de conteúdo que já se sustentavam financeiramente através das viagens. Começou como uma conversa entre Bruno e a mãe, passou por anos de estudo e só virou realidade em 2022, quando todos já trabalhavam, juntaram dinheiro e decidiram investir na ideia de transformar a paixão por viagem em negócio. Desde a infância, ele e a irmã acompanhavam as viagens dos pais.
“Meus pais não eram aqueles pais que deixavam a gente na casa dos tios, tias ou avó e saiam para viajar. Eu e minha irmã sempre fomos juntos desde a barriga, digamos assim. O pai e a mãe pegavam o carro lá em Santa Catarina, já fomos para Ceará e Bahia de carro com eles. É uma paixão que foi crescendo na gente junto com os nossos pais”.
Rodar o país com a família deixou de ser apenas um plano de viagem para se tornar uma experiência transformadora. Ao longo de mais de três anos na estrada, o projeto Rolê Família se revelou, nas palavras de Bruno, “uma verdadeira aula de vida”.
“A cada bioma que passamos, a cada pessoa que cruzamos, cada história que escutamos do nosso país… começamos a entender melhor o Brasil e a gostar mais dele. A gente aprende a julgar menos, ouvir mais. Descobrimos que, apesar de todos os defeitos que vemos na TV e nas notícias, o Brasil tem muita coisa boa. É um país riquíssimo em muitos aspectos e que não deixa a desejar para nenhum outro do mundo.”
Essa jornada também colocou à prova o convívio familiar — e fortaleceu laços. Bruno e Paula já não moravam com os pais antes de iniciarem o projeto. Retomar o dia a dia lado a lado, dentro de um carro ou motorhome, foi um exercício constante de escuta e empatia.
“As pessoas às vezes acham que a gente não briga, que está sempre tudo em paz, mas claro que temos nossas diferenças. O que muda é a forma de lidar. Aprendemos a respeitar o espaço um do outro, a conviver de novo, como adultos, com maturidade.”
Mais do que registrar paisagens ou indicar roteiros, Bruno explica Rolê Família é também sobre criar memórias. “Tenho certeza que daqui a 10 ou 20 anos, em uma festa de família, talvez eu com meus filhos, a gente vai lembrar: ‘Lembra quando estávamos juntos no Mato Grosso?’. Para ele, vai ser uma daquelas histórias boas de contar. “Está dando muito certo.”
Fonte: Olhar Direto