O governador Mauro Mendes (União) afirmou, durante entrevista ao , que o crescimento das facções criminosas no país ocorre porque as condições externas permitem a continuidade das atividades, mesmo com lideranças presas há décadas. Segundo ele, o sistema atual não interrompe a cadeia criminosa e oferece brechas que tornam o crime “compensador”.
Mauro citou o exemplo de líderes que seguem influentes mesmo encarcerados. “O líder do PCC está preso há mais de 20 anos e, durante esse período, o PCC virou uma multinacional, entrou em vários negócios e cresceu. Aqui em Mato Grosso, um líder do Comando Vermelho está preso há quase 30 anos”, afirmou. Em outras ocasiões, o governador já mencionou Sandro Silva Rabelo, o Sandro Louco, condenado a mais de 215 anos de prisão e apontado como liderança do Comando Vermelho no estado.
Ele atribuiu a continuidade das ações criminosas à legislação penal e à fragilidade dos mecanismos de controle. “Não basta prender um líder e deixar surgir outros sub-líderes. A pena para agentes prisionais flagrados entrando com celular ou droga na cadeia é muito branda”, disse. Mauro citou casos recentes no estado. “Nós já prendemos uns 12 ou 15 agentes penais. Eles são presos, vão para a delegacia e saem na audiência de custódia.”
O governador defendeu que a legislação avance para atingir os elos que sustentam o crime organizado, como a receptação. Para ele, penas mais altas poderiam desestimular práticas que alimentam a cadeia criminosa. “Todo celular roubado alguém compra. Todo insumo agrícola roubado alguém recepta. Se o receptador soubesse que poderia pegar 30 anos de cadeia, pensaria mil vezes”, afirmou.
Mauro também mencionou exemplos internacionais para abordar a sensação de insegurança no Brasil. “A maioria dos brasileiros não pode andar com o celular na mão em qualquer rua. As pessoas criam suas proteções individuais, mas grande parte da população não tem esse recurso e fica refém das facções”, disse.
O governador defende uma combinação de endurecimento das penas com medidas que atinjam a estrutura operacional das organizações criminosas. “A lei precisa ser dura e inteligente, saber atacar no ponto certo para destruir a cadeia do crime e a sensação de impunidade”, concluiu.
Fonte: Olhar Direto






