“Eles cobraram, inicialmente, eles tinham um projeto de dominar toda a distribuição de água. A gente detectou que inicialmente seria R$ 1 e eles teriam um preço final para vender cada galão e, depois, iriam passar, no ano de 2025, para R$ 2 a R$ 2,50 por galão vendido”, esclareceu o promotor, destacando a majoração na taxa de extorsão.
Em coletiva de imprensa, os responsáveis pela operação revelaram que a facção criminosa já estava estruturando sua rede de distribuição.
“Eles estavam montando sub-galpões, galpões com destinos, inclusive para armazenar. Então, eles iam diretamente na fonte, compravam esses galões e aí revendiam, obrigavam vários comerciantes a comprar deles. […] Eles estavam buscando justamente isso, domínio não só dessa taxa, mas assim, a gente constatou que tinha uma propensão de dominar a cadeia produtiva, não só das águas, mas de outras mercadorias como a gente viu em outras operações”, afirmaram as autoridades.
As autoridades também alertaram que a cobrança pelos galões de água e a construção de galpões próprios para a distribuição de produtos em determinadas áreas do Estado podem transformar esses locais em reféns de milícias. Segundo os investigadores, o cenário pode se aproximar ao que ocorre no Rio de Janeiro, onde milicianos controlam a oferta de diversos serviços e produtos em algumas comunidades.
“O discurso é que amanhã vai pagar mais pelo gás, amanhã não vai pagar mais pela internet, amanhã não vai pagar mais pelo água, se isso continuar, provavelmente”, pontuaram.
“A gente, o Gaeco, queria deixar bem claro que está de portas abertas para receber essas denúncias. Essa operação só chegou nesse ponto porque pessoas que foram extorquidas tiveram coragem de vir aqui, não identificamos nenhuma, mas pegamos o máximo de informações que elas tinha para nos passar. Se tiver alguém sofrendo extorsão, seja no comércio de gás, do comércio varejista, se trouxerem a informação, nós batermos duro nessas pessoas para combater esse tipo de crime”, acrescentou o promotor.
Na operação deflagrada nesta quinta, conforme coletiva concedida pelos integrantes do Gaeco, ‘Ferrame’ era considerado uma das lideranças da comercialização clandestina e milícia no comércio de água mineral.
Além de ‘Ferrame’, outro criminoso morrereu em confronto com policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Força Tática na manhã desta quinta-feira, no bairro 1º de Março, em Cuiabá. Trata-se também de Gilmar Machado da Costa, o ‘Gilmarzinho’.
As informações preliminares dão conta de que, durante cumprimento de mandados no âmbito da Operação Acqua Ilícita, os dois alvos reagiram à abordagem e foram atingidos.
A ação das forças de segurança visa ao combate à extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa que vinha prejudicando comerciantes de água mineral e aumentando os preços para os consumidores, com o objetivo de enriquecer criminosos que aterrorizam a população em Mato Grosso.
Fonte: leiagora