As exportações do Brasil para os Estados Unidos recuaram 18,5% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), nesta quinta-feira (4). Os dados consolidados de agosto são os primeiros desde a entrada em vigor, no último dia 6, do tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros.
Em agosto do ano passado, o valor total das vendas do Brasil para os EUA somou US$ 3,39 bilhões. Neste ano, o montante acumulado no mês foi de US$ 2,76 bilhões, o menor para um mês de agosto desde 2020, auge da pandemia de Covid-19.
Entre os principais itens da pauta exportadora brasileira para os EUA, quedas relevantes, na comparação com agosto do ano passado, ocorreram em aeronaves (93%), turborreatores, turbopropulsores e outras turbinas a gás (60,9%), óleos essenciais (52,25%), madeira perfilada (48,52%) e carne bovina congelada (47,69%).
Em relação ao mês anterior, a queda foi de 27,7%. Em julho, o as exportações brasileiras para o país de Donald Trump haviam somado US$ 3,82 bilhões, valor mensal máximo desde junho de 2022, em grande parte em razão da antecipação de compras por parte de importadores americanos, cientes do iminente aumento das tarifas desde o dia 9 daquele mês.
Nessa data, o presidente dos EUA anunciou, por meio de carta endereçada ao mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a imposição da sobretaxa citando, entre outros motivos, o processo a que responde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), que Trump classificou como uma “caça às bruxas”.
A ordem executiva que oficializou o tarifaço, assinada em 30 de julho, trouxe uma lista de quase 700 itens isentos da sobretaxa, incluindo alguns dos principais itens da pauta exportadora do Brasil para os EUA, como petróleo, aeronaves e suco de laranja. As tarifas foram mantidas, no entanto, para café e carne bovina, importantes commodities brasileiras vendidas para o mercado americano.
Importações dos EUA sobem 4,6%
As importações de produtos americanos, por sua vez, aumentaram 4,6% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2024, e chegaram a US$ 3,99 bilhões. Assim, a balança comercial com os EUA resultou num déficit de US$ 1,23 bilhão no mês.
Com isso, no acumulado de janeiro a agosto de 2025, o déficit brasileiro na balança comercial entre os dois países cresceu 56,9%, atingindo US$ 3,39 bilhões.
Em todo o ano de 2024, a balança foi deficitária para o Brasil em US$ 283,8 milhões.
Exportações para a China crescem 30%; para a Argentina, 40%
Ainda de acordo com os dados do MDIC, as exportações para a China (incluindo Hong Kong e Macau) cresceram 29,9% no mês passado, na comparação anual, totalizando US$ 9,6 bilhões.
Já as vendas brasileiras para a Argentina subiram 40,4%, alcançando US$ 1,64 bilhão.
Fonte: gazetadopovo