Exploradores como o Coronel Percy Fawcett, que inspirou a criação da história de Indiana Jones, desapareceram em suas buscas por civilizações perdidas nessa região, aumentando ainda mais o fascínio pelo local. Além disso, a área é amplamente procurada por entusiastas do ecoturismo e da ufologia, oferecendo uma imersão única na cultura e nos costumes ancestrais.
Na Terra Indígena São Marcos vivem cerca de 3.667 indígenas da etnia Xavante, divididos em aproximadamente 49 aldeias. O total da área da reserva indígena é de 188 mil hectares, sendo um dos territórios mais representativos da cultura Xavante no Brasil.
O povo Xavante tem uma história marcada por resistência e tradição. Sua cultura semi-nômade moldou uma série de rituais e crenças espirituais transmitidos por gerações. Segundo a tradição oral, os Xavante tiveram contato com um grupo místico chamado Tsa’re’wa, que lhes ensinou conhecimentos espirituais e rituais essenciais à identidade do povo. Entre essas práticas, destacam-se a corrida com tora de buriti, a furação de orelha, a luta corporal e os cantos sagrados recebidos por sonhos.
Uma das tradições mais emblemáticas do povo Xavante é a corrida de tora, conhecida como Uiwede, um ritual de resistência e cooperação coletiva. Os jovens carregam sobre os ombros toras de buriti que pesam cerca de 80 kg e correm longas distâncias em revezamento. Essa prática representa a força física e espiritual, além de simbolizar a preparação dos jovens para os desafios da vida adulta.
O cerimonial da furação de orelha é um dos mais importantes ritos de passagem na cultura Xavante. Nele, os jovens passam por uma série de desafios físicos e espirituais antes de terem suas orelhas perfuradas com grandes brincos de madeira. Esse ritual simboliza a conexão com os ancestrais e a maturidade dentro da comunidade, sendo um marco na vida dos homens Xavante.
A luta corporal Xavante, chamada Wa’i, é uma tradição que simboliza a disciplina, a coragem e o preparo para os desafios da vida adulta. Durante as competições, os jovens testam sua força e resistência, mostrando não apenas habilidades físicas, mas também equilíbrio emocional e espírito de coletividade. Essa prática reforça a conexão entre os guerreiros e mantém viva a tradição dos ancestrais.
Os Da-ño’re são cânticos espirituais recebidos em sonhos pelos homens Xavante que passam pelo ritual Wai’a. Esses cânticos são entoados em cerimônias e possuem um profundo significado místico, conectando os participantes ao plano espiritual. Acredita-se que essas melodias tenham sido herdadas dos Tsa’re’wa e são essenciais para manter a harmonia entre o mundo material e o espiritual.
A Serra do Roncador é um dos pontos mais enigmáticos da região e está diretamente ligada à cultura Xavante. Segundo a tradição, os Tsa’re’wa, seres espirituais que guiam e protegem o povo Xavante, refugiaram-se sob a Serra. Para os Xavante, esse local é um patrimônio sagrado que não pertence aos não indígenas (Waradzu), pois sua importância transcende o aspecto geográfico e se insere na esfera espiritual. Somente os escolhidos conseguem compreender essa ligação e viver plenamente essa conexão ancestral.
Os Xavante acreditam que seus rituais e ensinamentos espirituais, herdados dos Tsa’re’wa, fornecem habilidades inexplicáveis, como cura, previsão e força extraordinária. Esses conhecimentos são passados de geração em geração por meio das cerimônias e práticas culturais. Hoje, a Terra Indígena São Marcos continua sendo um dos mais importantes redutos da cultura Xavante, e eventos como os rituais de iniciação, lutas e cantos sagrados mantêm viva essa identidade.
Com toda essa riqueza cultural e espiritual, a Terra Indígena São Marcos é um dos destinos mais fascinantes para quem deseja conhecer de perto uma das tradições mais autênticas e místicas do Brasil. A história desse povo, suas crenças e sua forte ligação com o território fazem desse lugar um verdadeiro patrimônio vivo, repleto de significados e mistérios a serem descobertos.
Fonte: leiagora