Após o anúncio do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso de que deixará o cargo, diversos nomes começaram a surgir como possíveis indicações de Lula à vaga. Enquanto nomes como o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do advogado-geral da União surgem no radar, a esquerda identitária pressiona para que Lula escolha uma mulher, preferencialmente negra, para o cargo.
Dentre os nomes femininos especulados, está o de Daniela Teixeira, que atualmente ocupa o cargo de ministra do Superior Tribunal de Justiça.O cargo de ministro do STJ tem salário bruto de R$ 44.047,88, enquanto o de ministro do STF é de R$ 46.366,19. Daniela tem 53 anos. Isso significa que poderia ficar no STF até 2047, mesmo ano em que Nunes Marques e André Mendonça deverão deixar o cargo. Da atual composição, apenas Cristiano Zanin ficará no cargo para além disso, devendo se aposentar apenas em 2050.
Advogada do prerrogativas, Daniela já atacou Bolsonaro no plenário da Câmara
Daniela Rodrigues Teixeira se formou pela Universidade de Brasília (UNB) em 1996. É também mestra pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Atuou como advogada de 1996 a 2023. Na advocacia, foi conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Daniela chegou a integrar o Grupo Prerrogativas. O grupo é constituído de advogados alinhados ao presidente Lula (PT), e é apontado como o responsável por articular a chegada do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) à chapa que venceria as eleições em 2022.
Em 2016, enquanto ocupava o cargo de vice-presidente da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Daniela passou pelo plenário da Câmara dos Deputados, em uma sessão sobre proteção a mulheres. Durante o discurso, ela se referiu a “um deputado que é réu sim em uma ação já recebida no Supremo Tribunal Federal.” O então deputado federal Jair Bolsonaro, então, questionou, e ela então direcionou o ataque: “é o senhor sim, deputado Jair Bolsonaro, réu na ação.” Em 2019, já como presidente, Bolsonaro recebeu lista tríplice para indicar mais um ministro para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na lista constava o nome de Daniela, que foi, no entanto, desconsiderada pelo presidente para o cargo.
Daniela é também uma das idealizadoras da Lei nº13.363/2016, que passou a ser chamada de “Lei Júlia Matos”. Em 2013, Daniela estava grávida, e precisou fazer uma sustentação oral no Conselho Nacional de Justiça (CNJ)conta da gestação, ela solicitou prioridade. O então ministro e presidente do CNJ, Joaquim Barbosa, negou a prioridade. A advogada passou a manhã inteira e metade da tarde aguardando até a sustentação. Depois disso, precisou ir às pressas para o hospital. Sua filha Júlia nasceu prematuramente, com pouco mais de um quilo, e precisou ficar 61 dias na UTI. A lei então criada passou a assegurar direitos à advogada gestante, como o de entrar nos tribunais sem ser submetida a detectores de metais.
Em 2023, Lula indicou Daniela para a vaga do STJ reservada a membros de advocacia. Logo depois, o presidente alçaria outro advogado diretamente à vaga de magistrado superior: Cristiano Zanin.
Fonte: gazetadopovo