Economia

Ex-diretor do Banco Central alerta para estagnação econômica no Brasil: saiba mais!

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Economista e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman abriu a programação do Coopera + MT, evento realizado pelo Sistema OCB/MT nesta terça (23) em Cuiabá. O cenário econômico internacional e brasileiro deu o tom da apresentação, que enfatizou o momento de incerteza causado pela política de tarifas norte-americana e a estagnação da economia brasileira.

Em sua segunda edição, o Coopera + MT é o evento de inovação e visão de futuro do cooperativismo em Mato Grosso. Organizado pelo Sistema OCB/MT, o congresso aborda diversos temas estratégicos para o setor, como é o caso da macroeconomia.

De acordo com Schwartsman, um dos pontos de atenção deve ser o momento incomum que vive a economia norte-americana, ainda a maior do mundo. Com indicadores mostrando crescimento econômico e alta produtividade, os Estados Unidos estão com sua moeda (dólar) em desvalorização, inclusive perante o real.

O enfraquecimento do dólar deve-se à falta de confiança dos investidores internacionais na economia norte-americana, atualmente sujeita às decisões diárias e intempestivas do presidente Donald Trump. “O que vemos não é só uma elevação brutal de tarifas, mas uma variação imprevisível. Nem temos certeza de onde está a tarifa efetiva média norte-americana atualmente, que era em torno de 10%. As tarifas mudam todo dia, conforme o humor do presidente, e isso impacta a economia mundial”, alertou.

Assim como no Brasil, o Banco Central norte-americano tem mantido os juros elevados para conter a inflação – medida que afeta Brasil e outros países emergentes. “Enquanto os EUA mantêm juros altos, o ambiente global fica mais desafiador. Há pressão sobre o câmbio, fuga de capitais de países emergentes e limitação ainda maior para cortes de juros domésticos”, explicou.

Se a instabilidade marca a economia norte-americana, no Brasil a palavra é estagnação. O crescimento da economia brasileira está em torno de 3% ao ano, o que Schwartsman avalia não ser um resultado expressivo, mas significativo diante dos 2% que o país apresentou nos últimos anos. No entanto, a produtividade brasileira está estática, especialmente na indústria.

A exceção é o setor agropecuário, o único que apresenta crescimento constante. “O setor agrícola tem apresentado um crescimento em torno de 6% ao ano nos últimos 14 anos, resultado da absorção de tecnologia e da inserção internacional do agro brasileiro”, observou.

De acordo com Schwartsman, quem mais injeta recursos na economia brasileira, atualmente, é o governo federal, por meio das políticas distributivas e retributivas, como Bolsa Família, BPC (Benefício de Prestação Continuada), pensões, aposentadorias e outros benefícios sociais. “Em três anos, foram R$ 310 bilhões injetados na economia por meio dessas transferências que chamo de ‘da família’”, informou o economista.

Com isso, a demanda de consumo no Brasil se mantém em alta, pressionando a inflação. A avaliação é que, mesmo com indicadores que retiram efeitos temporários da alta de preços, os resultados permanecem próximos a 5% ao ano. Para ele, a expectativa é de uma acomodação até pelo menos o terceiro trimestre de 2027, em ritmo lento. “Não é uma explosão inflacionária, mas sim uma queda muito gradual, consequência direta dos desequilíbrios macroeconômicos do país”, analisou.

Na avaliação do economista, o Banco Central (BC) do Brasil não tem espaço para movimentos mais ousados na Selic. Embora o ciclo de alta já tenha sido interrompido, a queda dos juros tende a ser moderada. “O BC não está mais subindo a taxa, mas também não tem condições de acelerar cortes. A política monetária segue travada por um ambiente fiscal frágil e por incertezas estruturais”, destacou.

Segundo ele, a economia brasileira precisa lidar não apenas com as próprias fragilidades, mas também com o contexto internacional menos favorável. Isso amplia o risco de manter a taxa Selic em níveis elevados por mais tempo, o que encarece o crédito e restringe o crescimento.

Quando se olha para o futuro econômico do Brasil, o ponto central continua sendo a necessidade de maior responsabilidade fiscal, enfatizou Schwartsman. “O ritmo da desinflação não depende só do Banco Central. Enquanto a política fiscal não se alinhar, a economia continuará presa a juros altos e inflação resistente.

Sobre a Coopera + MT

A segunda edição do Coopera + MT, organizada pelo Sistema OCB/MT,  teve como tema central “Cooperativismo e Economia: Construindo um modelo de negócio competitivo e sustentável”. Com um público qualificado, reuniu 467 participantes, entre lideranças, gestores e profissionais de cooperativas mato-grossenses no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

Fonte: cenariomt

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