Às vezes, quando vemos os artistas atuando na TV, no cinema ou nos palcos, não fazemos ideia do quanto aquele profissional percorreu para alcançar um lugar de destaque. No Brasil, essas dificuldades são constantemente relatadas por artistas em todos os estados.
Com a chegada dos streamings, com produção de séries e filmes independentes, o cenário se ampliou um pouco, mas as oportunidades na TV aberta ainda são restritas.
E é nessa jornada, nessa busca por um “lugar ao sol”, que uma atriz mato-grossense Bianca Batemarque está. Aos 29 anos, sempre sonhou com o estrelato, sempre foi apaixonada pela atuação, mas a estrada até o tablado nem sempre foi fácil.
“Desde muito nova, bebezinha mesmo, eu assistia os filmes, novelas, peças de teatro, séries, os clipes das divas do pop e ficava encantada com aquilo! Meu olho brilhava cada vez que ia ao teatro, ao cinema. Sempre soube que era ali onde queria estar”.
Bianca nasceu em Cuiabá, mas até os 2 anos, morou em Poxoréu. Aos 5 anos, ela já fazia apresentações teatrais na escola. Aos 7 anos, a atriz se mudou com a família para Portugal, onde também participou de outras peças. A partir daí, o desejo de ser atriz só aumentou.
“Moramos lá por 4 anos e voltamos para Cuiabá. Depois, com 14, fomos para Portugal novamente e passamos mais 4 anos. Quanto retornei a Cuiabá, fiquei dois anos e depois fui para o Rio de Janeiro”, conta ela.
Mesmo com essas idas e vindas para o país europeu, ela manteve em mente a escolha profissional. E não parou de fazer aulas de teatro. Porém, depois de terminar o ensino médio, a “coisa” começou a ficar diferente.
“Até os 14 anos eu atuava muito mal, todo mundo falava para eu parar, ninguém gostava muito de me colocar nas peças e só pegava papéis de figuração. Quando chegou o tempo de escolher que faculdade fazer, como não havia o curso de Artes Cênicas em Cuiabá, decidi engavetar meu sonho e fazer veterinária”.
Apesar de reconhecer que até os 14 anos ela precisava ser mais intensa em suas interpretações, Bianca não desistiu e buscou se aperfeiçoar. Então, na faculdade, depois de se dedicar tanto, não fazia sentido deixar o sonho de ser atriz de lado.
“Mal durei um semestre, pois comecei a ‘definhar’, a ir mal na faculdade e ficar muito triste. Ficava horas no computador vendo cursos de atuação no Rio, São Paulo e até fora do país. Um dia minha mãe me viu cabisbaixa no sofá de casa e quis saber o motivo. Nesse dia eu desabafei – EU ESTOU INFELIZ!! QUERO SER ATRIZ – minha mãe diz que eu gritava assim”.
A partir daí, tudo começou a ficar mais favorável para ela.
“Finalmente, minha mãe entendeu que não daria para me segurar e passou a me apoiar. Conversou com meu pai, que passou a me apoiar também. Eu já tinha 20 anos então, corremos atrás, uma tia me deu a passagem e fui para o Rio de Janeiro, fiz o vestibular e iniciei a faculdade”.
Três anos depois, ela se formou pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), uma das mais conhecidas do país. “Foi, sem dúvidas, uma das maiores realizações da minha vida”, disse Bianca.
“Um mundo novo se abriu para mim na faculdade. Tive a honra de ser treinada por grandes mestres, como Adriana Maia, Ana Carter, Cecil Thiré, Bruce Gomlevsky, Eduardo Vaccari, Fernando Bohrer, Glorinha Beuttenmüller, Marcelo Morato, Rose Gonçalves, entre outros”.
Depois da faculdade, os trabalhos da atriz foram mais voltadas ao teatro. No entanto, ela vem se arriscando no audiovisual, por meio das produções do streaming.
Bianca Batemarque atuou em peças como:
- “Nossa Cidade” – Thornton Wilder
Papel: Sra Webb
Direção: Adriana Maia - “Insânia” – Uma peça com vários textos, mas eu fiz uma parte do “Elogio da Loucura” do Erasmo de Rotterdam
Papel: Loucura
Direção: Marcelo Morato - “Entre Doentes Imaginários” – Uma adaptação de “O Doente Imaginário” de Molière
Papel: Nieta
Direção: Eduardo Vaccari - “Tito Andrônico” – William Shakespeare
Papel: Tamora
Direção: Bruce Gomlevsky - “O PERCEVEJO” – Vladimir Maiakóvski
Papel: Baian
Direção: Francisco Hashiguchi
“Espero que minha carreira, além de próspera e duradoura, seja uma porta escancarada para que minha voz e de muitos outros, seja ouvida, para que histórias sejam contadas, pessoas sejam tocadas e, de alguma forma, vidas resgatadas”.
Bianca enxerga a arte como uma forma de serviço público, no sentido de levar às pessoas algo que elas precisam por meio do entretenimento, como alegria, descontração, bens imateriais que transformam a vida.
“Na pandemia, por exemplo, se não fosse aquela série que estava ali para distrair ou aquela música para alegrar, muitos teriam enlouquecido ou definhado. Espero que minha carreira transforme a minha vida e toque a vida de outras pessoas”.
Fonte: primeirapagina