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Estudo sugere que os Gregos foram os primeiros a contaminar o ambiente com chumbo

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As rochas sedimentares são como um museu da história do mundo. Formadas por camadas de solo e sedimentos que se empilharam ao longo do tempo, as suas faixas revelam características importantes do ecossistema no momento de formação do solo. Assim, geólogos, paleontólogos, químicos e outros cientistas podem obter informações sobre a distribuição química e física de elementos no passado.

Foi em uma pesquisa desse tipo que cientistas descobriram o que pode ser a poluição por chumbo mais antiga de que se tem notícia. Eles encontraram sinais de uma possível poluição por chumbo causada por humanos há 5,2 mil anos. Isso é mais de mil anos antes do que se tinha notícia até então.

Foram analisadas duas amostras de solo sedimentares: uma do fundo do Mar Egeu, no leste do Mediterrâneo, e outra de um núcleo da turfa Tenaghi Philippon, no nordeste da Grécia. 

Turfas são formações orgânicas resultantes da decomposição parcial de matéria vegetal em ambientes úmidos, como pântanos. Essas camadas acumulam material ao longo de milhares de anos, e cientistas analisam os núcleos de turfa para estudar a atmosfera do passado. 

Partículas de pólen, cinzas vulcânicas, gases presos e metais pesados podem revelar informações sobre mudanças climáticas, poluição e composição atmosférica ao longo do tempo. A datação por radiocarbono permite determinar a idade das camadas, auxiliando na reconstrução da história ambiental da Terra.

No artigo publicado no fim de janeiro, os pesquisadores explicam que a turfa de Tenaghi Philippon recebe uma quantidade insignificante de material vindo de rios, e por isso “tem uma fidelidade extraordinária no registro de sinais atmosféricos.” 

Embora os sinais mais antigos de contaminação por chumbo tenham sido datados em 5,2 mil anos, a intensidade desses sinais aumentou bastante 2,15 mil anos atrás. O número bate perfeitamente com um acontecimento importantíssimo para a história do Mediterrâneo: a expansão do Império Romano para a Grécia Antiga.

Segundo os pesquisadores, a conquista provocou uma cadeia de acontecimentos ligados a expansão agrícola e ao desmatamento. Assim, pela primeira vez, os impactos ambientais das sociedades foram além das áreas ocupadas pelos grupos humanos. 

“A incorporação das regiões gregas à esfera política romana proporcionou aos novos governantes a oportunidade de se beneficiar dos recursos naturais das províncias recém-adquiridas”, escrevem eles no artigo. “O que levou a um aumento sem precedentes na exploração dos distritos de mineração gregos para extrair ouro, prata e outros recursos metálicos.”

Naquela época, o chumbo era usado em utensílios domésticos, medicamentos, cosméticos e até brinquedos. A extração de ouro e prata produzia chumbo como subproduto, e as grandes minas e operações de fundição afetavam a saúde da população geral. 

Os principais efeitos do chumbo são no sistema nervoso e nos rins, e casos mais graves podem levar à morte. A exposição crônica também pode ter efeitos relevantes.

No começo do ano, outro estudo apontou que a poluição por chumbo durante o Império Romano foi tão intensa que pode ter causado uma queda estimada de 2 a 3 pontos no QI dos habitantes.

“Uma redução de 2,5 a 3 pontos no QI pode não parecer muito, mas isso ocorreu em tod–a a população e teria persistido durante os quase 180 anos da Pax Romana”, disse o autor do estudo Joseph McConnell, em entrevista ao The Guardian. “Deixo aos epidemiologistas, historiadores antigos e arqueólogos a tarefa de determinar se os níveis de poluição atmosférica por chumbo e os impactos à saúde que identificamos foram suficientes para mudar a história.”

Fonte: abril

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo