No inĂcio do sĂ©culo 20, enquanto a expectativa de vida de outros paĂses era de 47 anos, aqui no Brasil a mĂ©dia prevista era de apenas 33 anos. Isso porque ainda Ă©ramos vĂtimas de doenças infecciosas, como a tuberculose e a pneumonia. Com a chegada da tecnologia, os avanços mĂ©dicos foram quase simultĂąneos, o que contribuiu para um salto da expectativa para 52 (69 nos paĂses mais desenvolvidos), perĂodo que ficou conhecido como extensĂŁo radical da vida.Â
Mas, novos estudos mostraram que, mesmo com os avanços do sĂ©culo 21, o crescimento na taxa da expectativa de vida ainda estĂĄ mais lenta do que no sĂ©culo passado e aparenta poder nĂŁo passar pelo salto que teve anos atrĂĄs.Â
De acordo com o estudo, publicado na Nature Aging, o esperado Ă© que nas prĂłximas trĂȘs dĂ©cadas, o aumento seja sĂł de 2.5 anos. Para que chegassem nessa conclusĂŁo, os pesquisadores investigaram as tendĂȘncias nas expectativas de vida entre os anos de 1990 e 2019, analisando dados das nove populaçÔes que vivem mais tempo: AustrĂĄlia, Coreia do Sul, Espanha, França, ItĂĄlia, JapĂŁo, SuĂ©cia, SuĂça e Hong Kong.Â
A equipe descobriu que desde 2010, a extensĂŁo de vida vem desacelerando, com chances mĂnimas de chegarem atĂ© os 100 anos, com as mulheres alcançando o centenĂĄrio em apenas 5,1% dos casos, enquanto para os homens a probabilidade Ă© menor ainda, com 1,8% de chance. Das crianças que nasceram em 2019 em Hong Kong, 12,8% das mulheres poderĂŁo chegar aos 100 anos, e dos homens, apenas 4,4%.Â
Jay Olshansky, professor de epidemiologia na Universidade de Illinois, Chicago, e um dos autores do estudo, sugere que uma possĂvel explicação para essa desaceleração seja que a humanidade alcançou o limite final de expectativa de vida.Â
Agora, o desafio Ă© outro: aprender a lidar com os riscos que vĂȘm com o envelhecimento, como danos nas cĂ©lulas de tecidos que ocorrem ao longo da vida ou doenças que ocorrem especialmente em pessoas mais velhas. Esse Ă©, muitas vezes, o caso do Alzheimer e atĂ© mesmo do cĂąncer.Â
Apesar disso, Olshansky, diz que desenvolver cura para essas enfermidades seria como colocar um Band-Aid temporĂĄrio na sobrevivĂȘncia. âClaro que Ă© preciso esforços para desenvolver melhores tratamentos â e, eventualmente, curas â para que as pessoas vivam o suficiente para experimentar o envelhecimento, mas que Ă© preciso investigar as raĂzes desse processo â, disse ao Live Science.
A pesquisa sugere que, para avançar ainda mais na idade mĂ©dia de vida, sĂŁo necessĂĄrios mais estudos na ĂĄrea da gerociĂȘncia â ramo que analisa o processo do envelhecimento biolĂłgico â do que apenas investigaçÔes isoladas sobre essas doenças. âAgora, precisamos nos concentrar na fabricação do bem mais precioso da Terra, que Ă© a vida saudĂĄvelâ, falou o professor.Â
O epidemiologista diz que exploraçÔes desse processo podem ajudar a manter as pessoas âmais novasâ por mais tempo, atravĂ©s da reversĂŁo do envelhecimento celular. Alguns estudos recentes estĂŁo desenvolvendo medicamentos que podem retardar o desgaste celular, atravĂ©s de extensĂ”es feitas nos telĂłmeros, capas localizadas nas extremidades dos cromossomos, que costumam diminuir com o tempo. Â
Vale ressaltar, que expectativa de vida neste contexto, diz respeito Ă mĂ©dia que um grupo de indivĂduos pode esperar viver e nĂŁo o mĂĄximo de anos que um humano pode viver.
Fonte: abril