Menos de um mês depois das eleições presidenciais na , o ditador ainda não apresentou as atas de votação que sustentariam sua “vitória”, conforme certificado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo.
A oposição, no entanto, continua defendendo a vitória de Edmundo González Urrutia, comprovada por 80% das atas obtidas diretamente nos colégios eleitorais e divulgadas on-line. Análises independentes confirmam os resultados apresentados pela oposição.
Um estudo recente conduzido pelo professor Walter Mebane, da , examinou mais de 25 mil atas de votação divulgadas pela oposição. Com base nesses dados, ele concluiu que há 99,97% de chance de que os números apresentados pela chapa de González Urrutia sejam autênticos.
O professor utilizou a técnica Eforensics, que emprega a estimativa bayesiana, usada em análises de pesquisas de intenção de votos, para calcular a probabilidade de diferentes tipos de fraudes em votos individuais.
No caso venezuelano, Mebane analisou eleitores registrados, votos válidos totais e votos do vencedor para detectar irregularidades que poderiam favorecer os números de González Urrutia.
O método pode indicar três resultados: ausência de fraude, fraude incremental (em pequena escala) ou fraude extrema, capaz de alterar o resultado.
Detalhes do estudo
Nas eleições na Venezuela, apenas duas das mais de 25 mil sessões eleitorais mostraram indícios de fraude, com um número estimado de votos falsos de 57,9 — um valor muito baixo — e um índice de confiança de 99,5%. O estudo sugere que nenhum desses votos fraudulentos foi para González Urrutia.
“Outras eleições recentes na Venezuela têm mais fraudes no padrão eforensics e votos fraudulentos [que as de 2024]”, afirma o estudo.
“Como o modelo não gera nenhum aviso de que a estimativa apresenta problemas, posso dizer que isso é uma prova sólida de que a eleição mostrou González vencendo com grande margem de acordo com 80% das atas que foram divulgadas. Isso sem nenhuma fraude”, afirmou Walter Mebane em entrevista ao jornal Estadão.
O modelo de Mebane não pode determinar se as atas em si são forjadas, apenas estuda os dados nelas inseridos. No entanto, outras análises corroboraram a veracidade dessas atas, cada uma com um QR code e um código hash para verificar sua origem.
Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela não divulgou atas
![Estudo Dos Eua Confirma Autenticidade De Atas Da Oposição Venezuelana 2 2025 word3](https://medias.revistaoeste.com/qa-staging/wp-content/uploads/2024/08/07A_ed231.jpg)
Na Venezuela, cópias das atas são entregues diretamente aos fiscais de urna dos partidos. No dia da eleição, o CNE recebeu todas as atas por um sistema de totalização e deveria publicá-las no site imediatamente e divulgar os resultados urna por urna em até 48 horas, o que não ocorreu. A oposição coletou as atas e as publicou no site “Resultados con Vzla”.
Caso o CNE publique as atas originais, Mebane pretende submetê-las à análise do seu modelo.
“Eu vi que o lado do governo não liberou nenhuma evidência que seja para apoiar suas reivindicações, e talvez eles estejam fabricando evidências enquanto falamos”, acrescentou. “Quanto mais tempo demoram para liberá-la, menos crível será. Se eles liberarem os dados, a versão deles, claro, tentaremos obtê-la e rodar o modelo. Mas, neste ponto, é meio que sem valor algum, porque quem sabe como os dados serão?”
Fonte: revistaoeste