Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, disse que “as alterações climáticas afetam a inflação”. A afirmação, entretanto, não encontra lastro em estudos sérios, conforme explicaram especialistas ouvidos por Oeste.
A fala de Christine ocorreu em junho, durante uma reunião entre cúpulas de governo em Paris. O encontro recebeu o nome New Global Financing Pact, ou Novo Pacto para Financiamento Global. A reunião contou com o patrocínio de agentes internacionais como a Fundação Rockfeller, fundação Bill & Melinda Gates e Open Society.
Hugo Garbe, economista-chefe da G11 Finance e professor do curso de economia e finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmou que não existem estudos sérios que demonstrem a relação entre inflação e mudanças no clima. De acordo com especialistas, o recente aumento dos preços tem outra causa.
Pandemia: a verdadeira causa da inflação no mundo
“A inflação do mundo pós-pandemia, onde houve mais descontrole dos preços, está relacionada à quebra da cadeia de produção”, explicou Garbe. “É pelo desequilíbrio entre a oferta e demanda e o atraso de europeus e norte-americanos para aumentar as taxas dos juros. Não existe uma relação direta com mudanças climáticas e aumento da inflação — não existe um estudo acadêmico sério que estabeleça essa relação.
Para Garbe, a fala de Christine é um sinal de que a União Europeia ainda não sabe o que fará para conter a inflação. “Isso prejudica o mundo todo”, comentou.
Ricardo Felício, mestre em meteorologia e professor-doutor de climatologia também não encontra sentido em tentar estabelecer uma correlação entre clima e inflação. O cientista admite que o volume de chuvas pode afetar a produção agrícola em uma determinada região do planeta. Contudo, lembra o fato de existir a globalização como um mecanismo de compensação. “Com a economia globalizada, onde um mercado perde, o outro compensa com a produção”, explicou.
Fonte: revistaoeste