A escritora brasileira Ana Maria Gonçalves vendeu cerca de 2 mil exemplares do romance Um Defeito de Cor em menos de 24 horas. O aumento nas vendas aconteceu após o anúncio de sua eleição como a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
A obra, que já é considerada pela Folha de S.Paulo como o melhor livro da literatura brasileira do século, teve suas vendas impulsionadas mesmo quase duas décadas após o lançamento.
A quantidade vendida em um único dia equivale a uma tiragem inteira de um lançamento modesto no mercado editorial brasileiro atual.
Publicado originalmente em 2006 pela editora Record, Um Defeito de Cor é o principal trabalho de Ana Maria Gonçalves.
Com quase mil páginas, o romance narra a trajetória de Kehinde, personagem central que atravessa diferentes realidades entre a África e o Brasil.
A obra é considerada um marco na literatura negra brasileira e já soma aproximadamente 180 mil cópias vendidas, incluindo versões impressas e digitais.
Apesar do reconhecimento, esse é o único livro amplamente conhecido da autora. Antes dele, Gonçalves lançou Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim, publicado de forma independente em 2002.
O livro teve circulação limitada, é hoje considerado raro, e quase não é encontrado nem mesmo em sebos.
Trajetória da escritora brasileira
Ana Maria Gonçalves nasceu em 1970, em Ibiá, Minas Gerais. Formada em Publicidade, viveu por treze anos em São Paulo, até decidir mudar de vida.
Em 2002, deixou a carreira e se mudou para a Ilha de Itaparica, na Bahia, onde passou cinco anos. Lá descobriu sua vocação para a literatura e mergulhou no universo da diáspora africana nas Américas, tema central de sua obra.
Seu romance de estreia, Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim, foi escrito em seis meses e lançado em edição artesanal. Segundo Millôr Fernandes, trata-se de um “livro terno, íntimo, vivido e escrito em Itaparica”.
O reconhecimento nacional veio em 2006, com o lançamento de Um Defeito de Cor, que projetou seu nome no cenário literário brasileiro.
Após um período morando nos Estados Unidos, especialmente em Nova Orleans, Ana retornou ao Brasil em 2014 e se estabeleceu em Salvador. Mesmo fora do país, manteve-se ativa nos debates sobre questões raciais e culturais, tornando-se uma das vozes mais importantes da literatura contemporânea.
Fonte: primeirapagina
