São um tipo de incêndio florestal que acontece embaixo da terra e é quase imperceptível – só é possível detectá-los porque o chão, às vezes, exala fumaça e fica quente a ponto de afungentar animais. Esse fogaréu subterrâneo se alimenta de um combustível chamado turfa: camadas de matéria orgânica em decomposição que se acumulam no solo como um pavê e se tornam particularmente inflamáveis em temporadas secas (a turfa é tão esquentadinha, diga-se, que se transforma em carvão quando passa alguns milênios soterrada sob altas pressões e temperaturas).
Esse fenômeno acontece no Pantanal brasileiro e também nas florestas boreais e na tundra do Canadá e da Rússia, de onde vem o apelido “zumbi”: por lá, acontece da turfa em brasa sobreviver ao inverno, oculta sob um grosso cobertor de neve, e então reaparecer na primavera, iniciando um incêndio na mata. Da perspectiva dos bombeiros, é como se o fogo tivesse voltado do mundo dos mortos.
A turfa representa aproximadamente 25% do carbono de origem orgânica presente na superfície da Terra – o problema de queimá-la é que esse carbono assume a forma de CO2 e sobe para a atmosfera, acentuando o efeito estufa. A quantidade de carbono liberado anualmente pelo fenômenos dos incêndios zumbis equivale a 15% das emissões humanas (carros, indústrias etc), e é muito difícil combatê-lo: um raio ou uma bituca de cigarro podem servir de ignição para um braseiro que durará meses.
Pergunta de Robson Vilanova Ilha, de São Sepé (RS), via e-mail
Fontes: Serviço Geológico dos EUA (USGS); artigo “Can rain suppress smoldering peat fire?”, por Shaorun Lin e outros.
Fonte: abril