Talvez você já tenha visto tigres brancos, atrações famosas em alguns zoológicos. Mas e os tigres negros?
O melanismo – acúmulo de melanina que torna a pelagem preta – é relativamente comum entre felinos como onças e leopardos, mas não entre os tigres (Panthera tigris). No entanto, uma condição muito rara, conhecida como “pseudo melanismo”, ocorre em alguns indivíduos. As listras ficam maiores e se juntam, criando “manchas” negras na pelagem destes animais.
A condição é muito rara e é observada apenas em animais do Parque Nacional Simlipal, uma reserva de tigres na Índia, e em alguns zoológicos do mesmo país, por conta do isolamento genético dessas populações. Estima-se que um terço da população do parque tenha pseudo melanismo – mas a população total é relativamente pequena, então são poucos indivíduos com a pelagem escura.
Um estudo de 2021, publicado na revista científica PNAS, descobriu que a explicação está numa mutação do gene “taqpep”; essa mesma variante está ligada a manchas na pelagem de gatos domésticos e em padrões distintos de pintas e listras em guepardos. O pseudomelanismo dos tigres é raro porque só ocorre quando a mutação é herdada tanto da mãe quanto do pai, e ela só circula na população indiana.
Para chegar a essa conclusão, cientistas do Centro Nacional de Ciências Biológicas da Índia coletaram amostras de centenas de tigres, de dentro e fora da reserva Simlipal, e analisaram o DNA de todos eles. Eles descobriram que, dos 12 tigres do parte, 10 possuíam pelo menos uma cópia dessa mutação genética – e quatro deles eram tigres negros, ou seja, apresentavam as duas cópias.
Mas entre os mais de 300 tigres de fora da reserva analisados, nenhum tinha a mutação. Isso indica um alto nível de endogamia, ou seja, de cruzamento entre indivíduos geneticamente próximos.
A conclusão reforça a importância da conservação desses gatos – a endogamia é uma desvantagem evolutiva e pode colocar populações em risco.
Fonte: abril