São Paulo é enorme: o município tem 1.521 km2. Agora, imagine uma pedra de gelo com o dobro desse tamanho. Esse é o iceberg A23a, com estimados 3.234 km² de área, que ficou à deriva por cinco anos nas águas do Polo Sul até encalhar nas águas rasas próximas à ilha da Geórgia do Sul. Agora, o iceberg ameaça se desintegrar e afetar a fauna da região.
A Geórgia do Sul é um território britânico no Oceano Atlântico povoado por algumas dezenas de cientistas (o número chega a 32, no verão) e milhões de pinguins e focas. A ilha também é um base de apoio importante durante as temporadas de pesca — os profissionais que trabalham em navios estão preocupados com os grandes pedaços de gelo que podem se soltar do iceberg.
No momento, o A23a está encalhado a cerca de 70 km da costa da Geórgia do Sul (isso acontece porque sua base, abaixo da linha da água, toca o leito do oceano muito antes da parte visível do pedregulho chegar à praia). Esse naco de gelo de 1 trilhão de toneladas começou a se afastar do continente gelado em 2020 e estava viajando em direção ao norte desde então.
Os cientistas ainda não sabem com certeza se o iceberg encalhou em definitivo e vai ficar por ali. Eles torcem para que fique quietinho: se chegar mais perto da ilha, o bloco de gelo pode impedir que 65 milhões de aves de 30 espécies diferentes e 5 milhões de focas encontrem alimentos para si e seus filhotes.
Iceberg pode ser benéfico
De acordo com o British Antarctic Survey, grupo de pesquisa do Reino Unido para ciência polar, o iceberg está encalhado perto da Geórgia do Sul desde o sábado passado (01). O oceanógrafo Andrew Meijers, do BAS, afirmou em depoimento da organização que, se o A23a continuar encalhado, ele “não vai afetar a fauna local de forma muito significativa”.
Os outros icebergs que nos últimos anos fizeram a mesma rota do A23a acabaram se dispersando e derretendo com o tempo. A comunidade científica espera que a mesma coisa aconteça com o maior iceberg do mundo, mesmo que ele tenha algumas diferenças: seu tamanho é impressionante, e ele também é o iceberg mais antigo dentre os que são rastreados atualmente: se desprendeu da Antártida em 1986.
O A23a ficou preso nas cercanias do continente gelado até 2020, quando começou a peregrinação que acabou recentemente. Ele emagreceu durante a viagem: antes de encalhar na Geórgia do Sul, o iceberg chegou a ter 3.900 km² de área.
Ali onde ele encalhou, o A23a até pode acabar oferecendo benefícios para a fauna da ilha da Geórgia do Sul. Os nutrientes retidos dentro do gelo, que serão liberados pelo iceberg, podem aumentar a disponibilidade de comida no oceano para os pinguins e focas da região.
Por enquanto, o grande cubo de gelo não apresenta perigo para embarcações: ele é tão grande que os barcos podem tranquilamente desviar e navegar em volta dele. Mas o medo dos pescadores é justificado: pedaços que se desprendem do bloco gigante podem impossibilitar a navegação por algumas rotas de pesca comercial.
Nos últimos 25 anos, as plataformas de gelo da Terra perderam 6 trilhões de toneladas. Esse processo de derretimento tem se acelerado sob influência das mudanças climáticas, que podem acelerar a desintegração do A23a. Quando isso acontecer, junto do derretimento de vários outros icebergs gigantes e nacos das plataformas de gelo, o problema não será só dos pinguins e focas da Geórgia do Sul, mas do mundo inteiro, que precisará lidar com a elevação do nível do mar.
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Fonte: abril