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Saúde

Empresas de combustíveis fósseis são responsáveis por apenas 1% dos projetos de energia renovável globais

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Na COP28, em 2023, todos os países participantes concordaram em colocar no relatório final o compromisso de se afastar dos combustíveis fósseis, os principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Foi a primeira vez que o tema foi tratado de forma tão explícita, mas desde então não houve um plano para transformar as palavras em ações.

Mesmo enquanto não há uma meta global de transição energética, a sociedade e a economia estão, de forma lenta, começando a mudança de matriz. O papel das empresas de combustíveis fósseis é essencial, direcionando investimentos para baratear e aumentar a eficiência de fontes limpas e renováveis, que não emitem gases de efeito estufa, ao invés de continuar abrindo novas frentes de exploração de petróleo, gás natural e carvão.

Por causa disso, muitas grandes empresas do ramo já se comprometeram a aumentar investimentos em fontes renováveis e liderar a transição energética. Na prática, de acordo com um novo estudo do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Autônoma de Barcelona, não é isso que está acontecendo.

As maiores empresas de petróleo e gás do mundo só são responsáveis por 1,42% dos projetos mundias de energia renovável. A pesquisa, publicada na Nature Sustainability, mostra o que está por trás de muito greenwashing – o “banho verde” de empresas que usam marketing e relações públicas para parecer mais sustentáveis do que realmente são.

Grana insuficiente

O estudo, conduzido por Marcel Llavero-Pasquina e Antonio Bontempi, usou dados do Global Energy Monitor, uma ONG que cataloga projetos de energia fóssil e renovável ao redor do mundo para ajudar governos, empresas e movimentos da sociedade civil a ter informação de qualidade para debater a transição energética.

Os pesquisadores analisaram as 250 maiores produtoras de petróleo e gás do mundo, responsáveis por 88% da produção global de combustíveis fósseis. Eles identificaram 3.166 projetos de energia eólica, solar, hidrelétrica ou geotérmica em que elas têm algum nível de participação, seja diretamente, por meio de subsidiárias ou aquisições. O número pode parecer grande, mas representa menos de 2% do total de projetos renováveis.

Só 20% das empresas examinadas tinham um projeto de energia renovável em operação. No total, essas fontes renováveis representavam só 0,1% da extração primária de energia dessas companhias. Ou seja: mesmo as poucas empresas que investem na transição energética ainda dedicam recursos insuficientes às fontes limpas.

Os investimentos tímidos são visíveis aqui no Brasil. O País tem uma matriz energética muito mais limpa que a média: 86% da nossa eletricidade vem de fontes renováveis. Mesmo assim, emissões no setor de transportes ainda são altas, e a transição energética é necessária. Porém, de acordo com dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) de 2023, para cada R$ 1 investido em energia renovável, outros R$ 4,52 vão para as fontes fósseis.

Os investimentos insuficientes são bem diferentes do discurso que as empresas apresentam para a sociedade. Entre as cem maiores produtoras de combustíveis fósseis, quase um quarto delas prometeu reduções de emissões até 2030. Essas empresas, que hoje investem muito pouco em fontes renováveis, pretendem diminuir, em média, 43% de suas emissões de gases de efeito estufa nos próximos cinco anos. Fica difícil de acreditar.

Em um comunicado, o principal autor do estudo, Marcel Llavero-Pasquina, disse que “a implantação de energias renováveis por parte das empresas de petróleo e gás é, na melhor das hipóteses, anedótica”. A contribuição dessas gigantes dos combustíveis fósseis para combater a crise climática deveria ser baseada não no discurso, mas sim na “quantidade de combustível fóssil que elas deixam no solo”.

“A indústria de combustíveis fósseis sempre será parte do problema, e não a solução da crise climática”, diz Llavero-Pasquina. “Empresas de petróleo e gás não deveriam ter um assento na mesa em que o futuro do clima e da política energética será decidido.” É um discurso forte logo antes da COP30, em Belém, que já estava sofrendo a pressão do lobby dos combustíveis fósseis antes mesmo de começar.

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Fonte: abril

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