A Embraer, fabricante nacional de aeronaves, informou que descarta qualquer possibilidade de demissões no Brasil em 2025, mesmo diante da cobrança de uma tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos sobre aviões e componentes exportados. A empresa busca agora retomar a isenção total da taxação, vigente por mais de quatro décadas.
Segundo o diretor-executivo Francisco Gomes Neto, a companhia está empenhada em negociar com o governo americano e brasileiro para restaurar a tarifa zero. “Ficamos aliviados ao sair da lista de produtos que seriam taxados em 50%. Agora, nosso foco é zerar o percentual atual”, afirmou.
Desde abril, a tarifa de 10% representa um custo de US$ 65 milhões para a Embraer. O valor impacta diretamente as exportações de aviões executivos à subsidiária nos Estados Unidos. A maior parte desse custo será sentida no segundo semestre.
A decisão dos EUA, anunciada no fim de julho, excluiu aviões, motores e componentes do aumento de tarifas previsto para centenas de produtos, o que beneficiou diretamente a Embraer.
Com 18 mil empregados no Brasil e 3 mil nos EUA, a empresa enfatiza que manterá sua produção e entregas, conforme projeções do ano. “Não cogitamos cortes de pessoal ou redução de produção”, garantiu Neto.
Nos Estados Unidos, maior mercado mundial de aviação, a Embraer concentra 70% das vendas de jatos executivos e 45% das aeronaves comerciais. O executivo acredita que o investimento de US$ 500 milhões em unidades no Texas e na Flórida até 2030, com previsão de 5,5 mil novas contratações, pode ajudar a reverter a tarifa.
Além disso, se os EUA incluírem o cargueiro KC-390 em sua frota militar, a Embraer projeta mais US$ 500 milhões em investimentos e 2,5 mil empregos adicionais. O modelo E175, com até 80 lugares, é considerado essencial para a aviação regional americana.
A estimativa da companhia é de que, mesmo com as tarifas, os Estados Unidos terão saldo comercial positivo de US$ 8 bilhões com a Embraer até 2030, já que a fabricante gasta mais com fornecedores americanos do que fatura com vendas ao país.
No segundo trimestre de 2025, a empresa entregou 61 aeronaves: 19 comerciais, 38 executivas e quatro militares — um aumento em relação às 47 do mesmo período do ano anterior. A carteira de pedidos atingiu US$ 29,7 bilhões, a maior da história da Embraer.
Fundada em 1969, a Embraer já entregou mais de 9 mil aviões para mais de 100 países e emprega 23 mil pessoas globalmente. No Brasil, as operações estão concentradas em São José dos Campos e outras cidades paulistas, com polos também em Florianópolis e Belo Horizonte. A companhia também mantém uma fábrica em Portugal.
Fonte: cenariomt