Uma pesquisa recente revelou que 52,9% das pessoas vivendo com HIV ou AIDS, no Brasil, já sofreram algum tipo de discriminação devido à sua condição sorológica. O estudo, divulgado nessa quinta-feira (8), foi conduzido pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e destaca que o estigma continua sendo um dos principais obstáculos para a prevenção, diagnóstico e tratamento eficazes da doença no país.
Impactos sociais e profissionais
A discriminação enfrentada por pessoas soropositivas se manifesta de diversas formas, afetando significativamente suas vidas sociais e profissionais. Em Salvador, por exemplo, 27,2% das pessoas com HIV relataram ter perdido a fonte de renda ou emprego devido à sua condição nos últimos 12 meses. Além disso, 20,8% sofreram assédios verbais e 6,8% foram vítimas de agressões físicas.
Em Manaus, mais de 50% das pessoas vivendo com HIV relataram ter sofrido preconceito por seu estado sorológico. A pesquisa apontou que 55,1% ouviram comentários discriminatórios de pessoas fora do círculo familiar, e 42,5% enfrentaram discriminação dentro da própria família.
Barreiras no acesso à saúde
O estigma também compromete o acesso aos serviços de saúde. Em São Paulo, 15,3% das pessoas entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de discriminação por parte de profissionais de saúde, incluindo atitudes como esquivamento de contato físico e quebra de sigilo sem consentimento. Tais experiências podem levar ao adiamento ou abandono do tratamento, agravando a condição de saúde dos pacientes.
Desafios emocionais e psicológicos
A dificuldade em revelar o diagnóstico é uma realidade para muitos. Em São Paulo, 80,7% das pessoas com HIV relataram dificuldade para contar às pessoas sobre seu diagnóstico. Esse silêncio, muitas vezes motivado pelo medo do julgamento e da rejeição, pode resultar em isolamento social e problemas de saúde mental.
Legislação e necessidade de conscientização
No Brasil, a Lei nº 12.984/2014 criminaliza a discriminação contra pessoas vivendo com HIV ou AIDS, prevendo punições que incluem reclusão de um a quatro anos e multa. Apesar disso, o preconceito persiste, indicando a necessidade de campanhas educativas e políticas públicas que promovam a conscientização e o respeito aos direitos dessas pessoas.
Fonte: primeirapagina