O ato convocado por entidades de esquerda neste domingo (30) reuniu menos pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, do que a manifestação pró-anistia de duas semanas atrás, convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Líder do protesto contra o PL da Anistia aos participantes do 8 de janeiro e pela condenação de Bolsonaro, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que o público presente chegou a 25 mil pessoas. Mas, de acordo com levantamento do site Poder360, havia 5,5 mil pessoas na Paulista neste fim de semana, número semelhante ao divulgado pela Polícia Civil de São Paulo, de 5 mil pessoas. O mesmo portal contabilizou 26 mil na manifestação da direita em 16 de março.
Bolsonaro usou sua conta no X para ironizar a participação no evento. “Segundo a USP e a rede globo manifestação do PT contra a anistia dos presos políticos do 8 de janeiro tem 5 bilhões de pessoas”, escreveu Bolsonaro ao postar um vídeo com poucas pessoas concentradas para o ato.
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A USP calculou que havia 6,6 mil manifestantes no protesto da esquerda, quase três vezes menos do que os 18,3 mil contabilizados no ato pró-anistia realizado no Rio de Janeiro. O número de participantes da manifestação em Copacabana informado pela USP foi amplamente questionado pela direita, já que a Polícia Militar do Rio de Janeiro divulgou que 400 mil pessoas estavam no ato convocado por Bolsonaro em 16 de março.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também usou as redes sociais para ironizar o ato deste domingo. “Flopou”, escreveu em um post publicado em sua conta no X. “Se o Bolsonaro comer um pastel na Paulista dá mais gente”, declarou o parlamentar mineiro na rede social.
O senador Jorge Seif (PL-SC) chamou a manifestação de fiasco. “O fiasco da esquerda era previsível. Teriam feito melhor ficando em casa”, escreveu no X.
A manifestação, realizada neste domingo (30), foi organizada por movimentos como a Central de Movimentos Populares (CMP), Brasil Popular e Povo Sem Medo. Entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de políticos ligados a legendas como o PT, PSOL e PCdoB também estavam presentes. Além de Boulos, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) também estava liderando o ato da Paulista.
“Esse ato de hoje, antes de tudo, ele é muito simbólico, porque amanhã completa 61 anos do golpe militar de 64 que instaurou uma ditadura nesse país. E nós estamos aqui defendendo a democracia, defendendo punição aos golpistas 61 anos depois”, disse Boulos durante discurso na Avenida Paulista.
Atos contra anistia também aconteceram em outras cidades
Atos como o da Avenida Paulista também foram registrados em outras cidades do país. Capitais como Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília, São Luiz, Belém, Recife e Curitiba também tiveram manifestações a favor da prisão de Jair Bolsonaro. Sobre as demais cidades, contudo, não há informações sobre número de manifestantes.
Na última quarta-feira (26), o ex-presidente se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Em votação na Suprema Corte, a Primeira Turma acatou com unanimidade a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros sete acusados pela tentativa de golpe.
Além do discurso contra o ex-presidente Bolsonaro, as manifestações deste domingo também tiveram apelo contra a ditadura militar de 1964. Esta segunda-feira (31) marca o aniversário da ditadura. Em São Paulo, os manifestantes se reuniram na Praça Oswaldo Cruz e caminharam até o antigo DOI-Codi, na Vila Mariana, que foi um dos centros de tortura da ditadura.
Esquerda e direita organizam novas manifestações para esta semana
As mesmas entidades que convocaram os atos da esquerda deste final de semana também organizam uma nova manifestação para esta terça-feira (1º), no Rio de Janeiro e outras cidades do país. A expectativa é relembrar o aniversário da ditadura militar.
Já a direita, está convocando um ato pró-anistia para o próximo domingo (6), em São Paulo. Apoiadores e aliados de Jair Bolsonaro se concentrarão na Avenida Paulista durante a tarde de domingo. Além de parlamentares, o ex-presidente também participa da manifestação desta semana.