Sophia @princesinhamt
PolĂ­tica

Desvendando os Mentirosos: Notas da Comunidade revelam verdade sobre quem mente nas redes sociais

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“ERRATA. ‘Ao contrĂĄrio do que disse no meu comentĂĄrio sobre as diferenças entre nota de comunidade e o sistema de checagem de fatos, as notas no X sĂŁo abertas a todos os usuĂĄrios da rede, independentemente de serem verificados ou nĂŁo, de pagarem ou nĂŁo’”. A errata foi postada pelo perfil da GloboNews no X, nĂŁo sem certa surpresa: a GloboNews nĂŁo Ă© famosa por pedir desculpas, desinteressando o tamanho do erro.

A ironia suprema do fato Ă© que o jornalista OctĂĄvio Guedes, da GloboNews, estava criticando as “notas da comunidade” por, em sua visĂŁo, nĂŁo serem tĂŁo eficientes quanto o modelo centralizado em . “A nota da comunidade nĂŁo substitui a checagem dos fatos. Ponto. (
) O fim da checagem de fatos transforma o que Ă© ruim em pĂ©ssimo”. Resultado: o prĂłprio tuĂ­te foi checado pela comunidade. Mostrando, pelo prĂłprio exemplo, que o sistema de notas da comunidade Ă© superior.

NĂŁo houve comentĂĄrio, obviamente, sobre as prĂłprias organizaçÔes Globo possuĂ­rem sua autointitulada agĂȘncia de “checagem de fatos”, a “É fato ou fake?”, que possui bots no Facebook e no Twitter vigiando conteĂșdos. Ou seja, a empresa faz uma alegação pro domo sua, em defesa de seus prĂłprios interesses.

Para piorar, nĂŁo pode haver maior ironia do que atacar o sistema de “notas da comunidade” alegando que Ă© preciso ter um sistema centralizado de checagem de fatos para nĂŁo haver mentiras na rede e as notas da comunidade provarem que vocĂȘ estĂĄ mentindo. 

Na pråtica, o que estå em jogo na disputa pela moderação das redes sociais são dois modelos diferentes. 

O modelo utilizado pelas prĂłprias redes desde a primeira eleição de Donald Trump Ă© o das agĂȘncias de “checagem de fatos”: grandes conglomerados de mĂ­dia criam um departamento de “checagem”. Como podem escolher o que checam e o que deixam de checar, todas essas agĂȘncias Assim, a impressĂŁo de que se tem Ă© a de que apenas um lado comete erros. Ou “produz fake news”, como virou moda repetir depois que cunharam o termo para explicar como Trump foi eleito em 2016, mesmo tendo toda a mĂ­dia contra ele.

Com o poderio dos grandes conglomerados que as financiam, alĂ©m de muito dinheiro de instituiçÔes governamentais e privadas que podem fazer lobby, as agĂȘncias de checagem rapidamente se atrelaram Ă s prĂłprias redes sociais, onde seu papel, de player polĂ­tico, passa a ser o de No exemplo da Globo, Ă© impossĂ­vel imaginar a agĂȘncia “É fato ou fake?” investigando se a fala de um jornalista da prĂłpria Globo Ă© mentirosa. Uma empresa de jornalismo passa a ser tambĂ©m de censura polĂ­tica.

O outro modelo, implementado por Elon Musk apĂłs comprar o Twitter — e renomeĂĄ-lo para X — Ă© o das “notas da comunidade”. Ele possui duas vantagens. A primeira Ă© que nem a Rede Globo, nem o Supremo Tribunal Federal e nem a Advocacia-Geral da UniĂŁo gostam do modelo.

A segunda, um pouco menos importante, Ă© o fato de ser um sistema descentralizado, como o Bitcoin, a Wikipedia original ou modelos de avaliação em que os prĂłprios usuĂĄrios Ă© que dĂŁo as notas — do iFood ao Reclame Aqui, do Uber ao Trip Advisor, do Yelp ao Waze, que estĂĄ dando “notas” para o trĂąnsito das ruas pela prĂłpria mĂ©dia dos usuĂĄrios — todos esses sistemas funcionam porque as notas vĂȘm dos usuĂĄrios, gente como vocĂȘ e eu. NĂŁo hĂĄ uma autoridade central bilionĂĄria determinando o que Ă© bom e o que Ă© ruim conforme seus prĂłprios interesses.

Ou seja: agora, a checagem da veracidade de uma informação nĂŁo estĂĄ nas mĂŁos de uma meia dĂșzia de jornalistas muito bem pagos dentro de uma multinacional transcontinental, checando apenas o que querem — Agora, todos podem checar — bem ao contrĂĄrio do que afirmou OctĂĄvio Guedes, e por isso sua fala foi tratada como falsa, o que nunca ocorria com alguĂ©m da Globo, nĂŁo importando o despautĂ©rio, com o sistema de “checagem de fatos” controlado por eles prĂłprios.

Poder-se-ia estar comemorando a “democratização” da moderação. O poder dado Ă s pessoas. A vitĂłria de um sistema mais barato e, GloboNews Ă  parte, mais eficiente e mais rĂĄpido. O melhor: sem censura. Nada de conteĂșdo “derrubado” (como viramos especialistas em eufemismos) e contas retidas. Nada de “checagens” que sĂŁo meras interpretaçÔes divergentes — e sem nenhum CPF a ser processado para se exigir o devido processo legal. Mas como comemorar algo bom para a humanidade, quando sua empresa lucra menos com o bem comum, alĂ©m de perder a capacidade de censurar polĂ­ticos, jornalistas e cidadĂŁos rivais? Como comemorar um sistema eficiente para se saber a verdade, no qual um burocrata nĂŁo pode exigir que sumam com determinado conteĂșdo de que ele pessoalmente desgoste, pedindo que se “use a criatividade”?

Um segundo problema foi sanado. Desde a instituição da censura centralizada, que pretende ser oficializada e estatizada sob o nome fantasia de “regulamentação das redes sociais”, diversos erros foram cometidos pelas tais agĂȘncias de autointitulado “fact-checking” (como viramos especialistas em termos gourmetizados). Óbvio que, enquanto isso, erros ainda mais grosseiros eram cometidos pela grande mĂ­dia, polĂ­ticos de esquerda, ativistas, pessoas normais de esquerda e AndrĂ© Janones: tudo sob silĂȘncio das tais agĂȘncias. 

Com as agĂȘncias centralizadas, a impressĂŁo de que se tinha nas redes sociais era de que a esquerda era a prĂłpria Verdade revelada no Sinai, enquanto a direita era um poço de irracionalismo, fake news, Ăłdio e “desinformação” (como viramos especialistas em termos que nos mandam repetir). O problema Ă©: com as notas da comunidade, com as quais tudo Ă© checado, descobriu-se o contrĂĄrio. Quem aparece mentindo cada vez que encosta em um teclado sĂŁo, justamente, os esquerdistas e (surprise, surprise!) a velha mĂ­dia e seus jornalistas.

Assim entendemos o segundo motivo, alĂ©m da censura envergonhada, para testemunharmos polĂ­ticos, burocratas e agentes da velha mĂ­dia defendendo tanto o modelo da “moderação de conteĂșdo”, das “agĂȘncias de checagem de fatos” e, claro, da “regulamentação das redes sociais” (como viramos especialistas em palavras longas para censura!). NĂŁo Ă© apenas censurar o prĂłximo. Trata-se tambĂ©m de esconder que mentem — seja como loucura ou com mĂ©todo.

Fonte: revistaoeste

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