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Descubra tudo sobre os benefícios dos suplementos de clorofila

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Os vídeos são sempre dramáticos: influenciadores de wellness e fitness acrescentam lentamente pingos de suplemento de clorofila à água. Esse pingo se espalha pelo líquido, como tinta aquarela, em um tom vibrante de verde esmeralda.

Esse elixir, mais uma típica panaceia do TikTok, promete ser solução para tudo: alívio da constipação, limpeza da acne, melhora da digestão e aumento de energia. Algumas alegações mais exageradas incluem desintoxicação do corpo, auxílio na perda de peso e prevenção do câncer.

Existem opções. Quem prefere tomar o pigmento em cápsula ou em pó, por exemplo, encontra esses formatos. O que não varia muito é o preço: os suplementos chegam a R$ 290.

O que é a clorofila?

A clorofila, você sabe, é o pigmento verde que dá cor à maior parte das plantas. 

Sua presença é imprescindível para a fotossíntese, processo em que as células vegetais usam energia da luz do sol para transformar o gás carbônico da atmosfera em açúcar. É assim que elas fabricam a própria comida e, de quebra, emitem o oxigênio que preenche nossa atmosfera. 

A clorofila não é um nutriente necessário na alimentação humana. Caso fosse, seria fácil obtê-la em qualquer vegetal. Não faz diferença alguma pingar algumas gotas do corante em água ou, simplesmente, comer algumas folhas de alface. 

Nenhum suplemento alimentar vendido em farmácias ou na internet cura, trata ou previne doenças, muito menos aumenta a potência do funcionamento do seu organismo – o que é uma alegação genérica e sem significado: o que seria a tal “potência”? O tônus muscular? A velocidade do metabolismo? É muito importante se atentar ao uso de palavras sem significado preciso ao avaliar alegações desse tipo. 

O que um suplemento faz é fornecer algum nutriente que está faltando no seu corpo. É o caso, por exemplo, da vitamina B12 que os veganos precisam obter artificialmente por não incluírem produtos de origem animal em suas dietas. 

Você sempre deve consumi-los com recomendação e acompanhamento médico, mantendo em mente que quantidades maiores que as realmente necessárias não têm qualquer vantagem e serão eliminadas, geralmente pelo xixi. 

Na verdade, o que você toma quando ingere essas gotinhas é clorofilina, um corante natural solúvel em água, que contém sódio e cobre. É a versão sintética do pigmento encontrado nas plantas, em que o átomo de magnésio central é alterado pelo cobre para manter a molécula mais estável do que a natural.

Estudos que afirmam que a clorofila teria todas as habilidades mágicas que são anunciadas têm limitações metodológicas graves, estão publicados em periódicos científico sem qualquer renome e, em muitos casos, foram desenvolvidos pelas próprias empresas que vendem os suplementos.

No TikTok, porém, a história é outra. Com mais de 52 mil posts na #clorofila e milhões de visualizações, os influenciadores juram que o pigmento ajuda com a aparência da pele. Os relatos contam como o copinho verde ajuda no clareamento de manchas e no brilho natural do rosto.

Muito disso pode ser atribuído ao fato de que pessoas que recebem esse tipo de conteúdo via algoritmo tendem justamente a ser as mais atentas ao cuidado com a pele no dia-a-dia. Isso gera a ilusão de que há uma relação de causa e consequência entre o consumo do pigmento e uma tez facial digna de bundinha de bebê Johnson’s.

Vijaya Surampudi, médica endocrinologista, especialista em nutrição médica e professora de medicina na Universidade da Califórnia em Los Angeles, explica para o National Geographic que “os fabricantes de suplementos afirmam que a clorofila pode fazer muitas coisas, mas poucas dessas alegações são apoiadas por evidências científicas”.

Justamente pela falta de comprovação científica, o consumo desses produtos pode gerar muitos problemas. A clorofila natural, vinda das plantas, não é um perigo para os humanos: caso você queira adotar uma dieta de girafa e comer 34 kg de plantas por dia, a clorofila será a última das suas preocupações.

Já o suplemento líquido, de clorofilina, pode ter consequências mais graves. Para começar, o consumo exagerado pode levar à intoxicação por cobre. Outros efeitos colaterais potenciais podem envolver problemas de estômago ou gastrointestinais: dá para esperar um cocô verde no futuro. Também não foram realizados testes ou estudos sobre a segurança da clorofilina em mulheres grávidas ou amamentando.

Caso a substância seja aplicada diretamente na pele, há risco de queimaduras solares, graças à capacidade da clorofila de agir como fotossensibilizador.

“Se eu recomendaria [os suplementos de clorofila]? Não”, diz a nutricionista Beth Czerwony, para o site da Cleveland Clinic. “As plantas precisam de clorofila muito mais do que nós. Realmente não é necessário. Mas, se você quiser tentar…”

No entanto, existem jeitos mais simples de conseguir o pigmento. Um prato de espinafre, couve e aspargos já dá um belo trato nessas bochechas e ainda oferece outros tantos nutrientes e vitaminas que não custam quase R$ 300, mas fazem um bem danado. 

Fonte: abril

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