A foto vencedora do Concurso Fotógrafo de Astronomia do Ano em 2023, na categoria “Paisagens celestes”, foi feita por dois astrofotógrafos chineses: Angel An e Schuchang Dong. A imagem é digna de medalha. A imagem mostra a cadeia montanhosa do Himalaia, que abriga o Everest, com o céu rasgado por traços vermelhos.
O fenômeno fotografado são os raios vermelhos – ou “sprites vermelhos”, apelido que receberam por sua aparência de água-viva. Estes são fenômenos atmosféricos reais que acontecem quando descargas elétricas são liberadas acima de tempestades.
Quando chove, é comum olhar pela janela e observar raios brancos cortando os céus. Os vermelhos são bem menos comuns. Eles ocorrem entre 50 e 90 quilômetros de altitude, e sua cor é resultado da excitação do gás nitrogênio. Apesar de impressionante, esse fenômeno ainda é pouco compreendido.
Um novo estudo esclarece a força motriz por trás desses grandes “fogos de artifício”. Publicado no Advances in Atmospheric Sciences e escrito por Gaopeng Lu e por um time de cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, o estudo isolou o caso das descargas elétricas que caiam sobre o Himalaia para entender se, para além do espetáculo, elas eram especiais também no ramo da física.
Para a pesquisa, Lu e sua equipe analisaram as imagens feitas pelos astrofotógrafos, que não eram cronometradas. A falta de um relógio impedia que os cientistas associassem os fenômeno visual às descargas elétricas originais.
Esse foi apenas um contratempo: os autores optaram por uma alternativa inovadora, descobriram que era possível combinar as coordenadas de 95 sprites com satélites orbitais e mapas estelares. Assim, eles conseguiram identificar o momento dos eventos – com a margem de erro de apenas um segundo – e quem eram os raios “pais”.
“Tempestades na região do Himalaia têm o potencial de produzir algumas das descargas elétricas atmosféricas superiores mais complexas e intensas da Terra”, disse Lu em comunicado.
O evento fotografado, que ocorreu em uma área entre o nordeste da Índia e o Tibete, teve o maior número de sprites já registrado no Sul da Ásia, com correntes de pico superiores a 50 kA.
De acordo como o estudo, as descobertas ajudam a melhorar a análise de tempestades regionais e suas influências nas áreas ao redor. A metodologia desenvolvida também pode ser usada por cientistas cidadãos em seus próprios estudos meteorológicos.
Fonte: abril