Sempre gostei de procurar relíquias no mercado de usados. Ontem, enquanto navegava despretensiosamente pelo Webmotors, me deparei com um anúncio que parecia um erro de digitação ou uma miragem: um Ford Ka 2004, em São Luís do Maranhão, por apenas R$ 5.400. Mas não é qualquer Ka; o anúncio descreve o modelo como um 1.0 MPI GL Conversível 8V a gasolina.

O carro mais barato do Webmotors custa R$ 5.400 e eu faria esse acordo

Sim, você leu certo: um Ford Ka conversível. Para quem não sabe, a Ford nunca fabricou uma versão conversível do Ka de primeira geração em série. O que vemos por aí são unidades raras transformadas por empresas especializadas, como a famosa Sulam, que criava o “Kabriolet” na época. Encontrar um desses hoje em dia é como achar uma agulha no palheiro, ainda mais pelo preço de uma moto CG usada.

O anúncio traz algumas informações que desafiam a lógica:

Quilometragem: O proprietário afirma que o carro tem apenas 10 mil km rodados. Honestamente? Pela foto, o veículo parece ter enfrentado muito mais asfalto e maresia do que esses números sugerem. Provavelmente é um erro de preenchimento ou o hodômetro parou de contar há uma década.

O Valor: R$ 5.400 é quase 60% abaixo da Tabela Fipe de um Ka GL 1.0 comum daquele ano (que gira em torno de R$ 12.800). Se considerarmos que versões conversíveis customizadas costumam ser valorizadas como itens de coleção, o preço é surreal.

Por que eu faria esse acordo?

Tentei contato com o atual proprietário para entender a história por trás desse “Frankenstein” maranhense, mas não obtive retorno até o fechamento desta matéria. Mesmo assim, a ideia de ter um conversível “raiz” pelo preço de uma TV de última geração é tentadora demais.

Claro, há riscos. Um Ford Ka cortado artesanalmente precisa de reforços estruturais para não “dobrar” no meio, e a manutenção de um motor MPI 8V de 20 anos, embora simples, exige atenção.

Mas imagine só: descer a Avenida Litorânea em São Luís sentindo a brisa do mar (literalmente, já que não há teto) em um ícone da customização brasileira dos anos 2000. Por R$ 5.400, o risco de virar o “rei do rolê inusitado” vale cada centavo. Pena, que o Detran implica com qualquer coisinha. 

E você, teria coragem de encarar esse “Kabriolet” maranhense ou acha que é a receita perfeita para uma dor de cabeça sem teto?